quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

...POR ONDE ANDAIS VÓS, NATÁLIA CORREIA E ARY DOS SANTOS???..

País de brandos costumes...hmmm!!! Não gosto da ideia! Gosto de low-profiles, não de "low minds"...
Portugal é de génese um país "sui generis"...É o meu país! Não o admiro...não sinto uma necessidade moral de o amar...
Portugal obriga-me a repensar a causa efeito entre razão e coração...Se eu fosse Jean Jacques Rosseuau e a sua obsessão pela razão, detestá-lo-ia....Ia defender que o meu país é um rectangulo cuja dimensão moral é directamente proporcional à sua dimensão real...

Portugal podia ir ao Registo e requerer a mudança de nome!!!Se Portugal fosse justo chamar-se-ia, por exemplo, "Vamos andando" ou, não ficaria nada mal, chamar-se pomposamente, "cá estamos....nunca pior"... já "é como Deus quer", embora mais remota, seria sempre uma possibilidade a não subestimar!!! Claro que se Portugal fosse ao Registo, iria sempre, no último dia do prazo e, obviamente, à hora do fecho...Iria resmungar com o funcionário, a quem acusaria de "trafulha", por, imagine-se, ter a ousadia de pedir um documento fundamental que Portugal se esquecera de levar...Portugal diria com um tom sindicalista...-"Isto só em Portugal"...( ao qual, acrescentaria 765547735 adjectivos qualificativos referentes à profissão da mãe do funcionário da repartição.....funcionário esse que, sejamos francos, nao facilitaria a tarefa do nosso estimado requerente e diria que, embora tivesse todo o gosto em poder auxiliar,via-se forçado a declinar o pedido devido à circunstância inolvidável do estabelecimento encerrar às 5 e serem já, imagine-se, 4h57...Obviamente que alegaria inimputabilidade, caso fosse injuriado....afinal eram 4h57)...( o funcionário estaria vestido, invariavelmente, com umas calças de fazenda cinzentas com um vinco bem vincado ( passe a redundância) uma camisa bege, que nao disfarçaria a camisola interior de manga caviada, e o intemporal blazer ao xadrez castanho e verde, pelos ombros....a meia branca com uma raquete de ténis como adereço, seria apenas o toque final numa indumentária irrepreensível ( e irreproduzivel...) que não dispensaria o sapato de berloques preto e respectiva fivela dourada...

Portugal é um país com alguns problemas de infância mal resolvidos e recalcados...O complexo de édipo mal resolvido de Afonso Henriques, tem repercussões ainda nos dias de Hoje... Assim sendo, as parafilias sucedem-se ciclicamente e em catadupa..A mais flagrante é o seu sado-masoquismo militante...Laranja ou rosa...rosa ou laranja...que é o mesmo que dizer...Coca-cola ou Pepsi...

Portugal, felizmente, é um país não racista ( não é como esses países onde só há pretos!!!lol)...Disso podemo-nos todos orgulhar!!! Ainda ontem, numa distinta paragem de autocarro, ouvi comentários que me permitem afirmar com análise criterial e com a distância necessária, que somos um povo vanguardista!!! Atentem na profundidade..."- Nao tenho nada contra os pretos mas nunca casava com um Moçambicano ou um angolano...então com um daqueles marmanjões do Botswana é que nem pensar" ....Refira-se que a frase teve como epílogo um esclarecedor e bem audível..."creeedo"...( o credo pareceu-me uma repulsa em só pensar na ideia...mas só posso estar equivocado...)
A caminho de casa, enquanto tomava o porteguesissimo café com cheirinho,no incontornável "Café Central", ( mas também poderia ser no café " o regresso do baixátola" ou café "buraquinho quente"...deliciosos estes registos etnográficos!!!) um cidadão que se destacava pela dimensão e pela cor amarelo florescente da unha do seu dedo mindinho, dizia de forma eloquente e contagiante..." eu ATÉ conheço um preto que é porreiro"...
Claro está que o bom do cidadão português, católico refira-se, não resiste a uma bela generalização para demonstrar o seu carácter hospitaleiro e anfitrião, em relação às cidadãs do nosso país irmão..."elas são todas iguais...fazem todas o mesmo...e são bem boas"...Torna-se evidente que o "são bem boas", tem que ver com a pessoalidade e dimensão ética das nossas irmãs...Não confundir este "irmãs" com quaisquer tipo de representantes femininas de ordens religiosas....É que não confundam meeeesmo!!!!
Graças a Deus, Xenofobia, é palavra que o português nao conhece ...As pessoas que vem para o nosso prazenteiro país, são todas bem-vindas....Só existe uma pequena condição....pequena mesma....insignificante diria!!! Tem de ser como nós!!! Nós estamos abertos a qualquer tipo de religião, diz o cidadao luso...agora, não tragam para cá essas merdas esquisitas, do tipo, ortodoxo, adventista, geová, muçulmano.... (o nosso perspectivismo cultural é louvável!!!)
à pergunta sobre liberdade sexual o portugês nao hesita, e no tom de sempre...(acrítico e homofóbico)...refere...
-"eu respeito toda a gente mas...a sociedade está perdida...cada vez há mais paneleiros!!!!".. a sensibilidade é, de facto, historicamente, o nosso "middle name"...que o digam as nativas dos locais onde a "epopeia" portuguesa chegava e onde, ironicamente, ia expandir a fé cristã....Contrasenso???? Não vejo onde....
...Portugal está em crise!!! Mas, fico com a ideia que a crise menor é a financeira...Vivemos na provincia dos obséquios!!! Portugal, como diz o sempre coerente (agora não estou a ironizar) Jorge Palma, é inimigo da competência e "nunca roubou um beijo"...
A estandardização de comportamentos continua a vir pré estabelecida no nossso código genético e o socialmente correcto proíbe a felicidade de um povo que, por mais e melhores tecnologias que existam, continua a ver tudo a preto e branco...e cuja noçao de Portugalidade é colocar bandeiras na janela!!!
Dito isto, quero dizer que AMO o meu país....

3 comentários:

Ninja Hatory aka Valdemas disse...

Numa palavra defino este comentário como sublime...


Não poderias colocar melhor esta ideia, realmente está bem melhor... mas ainda assim....

Quando eu vim para Portugal no longínquo 1992, tudo era bem pior, dada a raridade....

Mas sinceramente no que interessa... Estás com a ideia bem explícita pra bom entendedor....


Continua a saga.... vou estar atento

Um grande abraço

Sérginho disse...

Meu caro João:
foi preciso chegares aos 28 anos para perceberes tudo isto??
Relembro-te um dia de inverno, já lá vão uns 8 anos ou mais, sentados no Charco a tomar um cafézinho típico(porque o horário para as francesinhas já tinha passado, se é que há horas para comer francesinhas), e aí muito do que pensavas mudou. Durante a adolescência, nem sempre pensaste assim, admite...
Isto não é uma crítica, pelo contrário, mas certos pensamentos vão-se alterando com a idade, com a maturidade, com as circunstâncias da vida.
Lembraste dessa conversa?? Acho que sim...

João Nogueira disse...

...Não é fácil recordar-me...Afinal, as conversas no charco andaram à volta das 776467565...lol
É obvio que a personalidade não é estanque...Ela "pare-se" a si mesma todos os dias...Não a podemos comparar a um gesso inflexível...O mesmo se passa com as convicções...Honestamente não me lembro de ter tido pensamentos díspares em relação ao que escrevi...Menos reflectidos, talvez...Ou, na volta, tens razão..Afinal, e como dizes, já lá vão uns anitos...E isso é que me preocupa..:)
Em relação à maturidade....Esquece...lol
Preservo, com vaidade os muitos laivos de imaturidade que na (longínqua) adolescência já me caracterizavam...
Pah, temos de tomar um cafézinho