domingo, 21 de março de 2010

ADEUS, SARAH!



Não “bulas”, está quietinho…

“Há males que vêm por bem” ou “Deus escreve direito por linhas tortas”…Podes escolher entre a “A” ou a “B”…

Ai é? Então escolho a “C”…Tenho dificuldade em acreditar Nele, quanto mais acreditar que é alfabetizado…

Tudo o que não quero é exorcizar-te de mim… acho as convulsões muito aborrecidas e não me parece bem estrebuchar e parir-te à frente de toda a gente! Fico com vergonha, com a cútis vermelha!

Tu ainda és o meu alelo, o meu “alelinho”! Ficas em mim, não tu, porque tu zarpaste de foguetão, mas o teu “tu” de outrora…Esse, lamento, mas tatuaste-mo na veia cava…não sai, nem a laser!

O tempo cura tudo, leitor?!

Não, não cura! O tempo não passa de um curandeiro “chupista”, um Pai-de-Santo oportunista, um falso sacerdote maoista…O tempo é um trafulha!

Desancorei “daqui” para te catarsar, Sarah…eu tinha de voltar a cheirar catinga, de ler, naquela livraria, o Mia, e, lamento se não entendes, mas precisava de olhar para aquele cais, igual a tantos outros, mas tinha de ser aquele…
"Lá", penso melhor, enquanto fumo, desalmadamente!
Acreditei no tempo…acreditei, inclusive, que ia desentrançar os fios do nosso tear. Falsíssimo, minha querida!
Fomos desentrelaçando as mãos aos poucos! Aos poucos não, aos muitos!
Gastámos as palavras, como diz o Eugénio...

Somos pretérito perfeito de um verbo irregular, há que assumir! … Gaguejo sempre que te conjugo! Conjugo-te mal, não estou habituado! O Futuro, esse, era suposto ser para nós…e não só para os dois…por mim, até podíamos ser sete… ou dezassete!
O Futuro, esse futuro, fez a trouxa e abalou, nunca mais ninguém soube nada dele…

“Lá”, no local onde atraquei, sussurram-me, aliás, balbuciaram-me muito baixinho para Te deixar ir…( foi a última vez que te pus uma maiúscula! Dá-me dez segundos para inspirar e expirar, por favor)
Percebi à primeira!
“Fomos para o maneta”, não eu e tu, nós…
“Lá”, percebi aquilo que já me deixava surdo “aqui”…E sim, sem teoremas, por favor. Foi mesmo preciso ir “lá”…

Sarah, que não és nada Sarah, estou novo…Catarsado de fresco, com a barba escanhoadinha, cuzinho de bebé!
Não vou “bulir” em nada! Continuo a responder “C”, vou sempre responder “C”, tu mereces…Mas repito, não “bulo” em nada, não faz sentido…

Não foi o tempo que me ajudou…O tempo não sabe nada, nem as horas…Fui eu que me “ajudou”…

As regras são minhas, agora. Só minhas! Hei-de ir ao Evereste, não para já, porque não tenho vontade! Não para já…mas hei-de lá ir e auto-propor-me subir a montanha mais alta do mundo! É provável que não o consiga, os meus bíceps são tão fraquinhos, coitadinhos! Mas vou…Os meus bracinhos podem não chegar lá acima, não chegarão com certeza, porque além de fracos, são aselhas, mas chegam para “ partir o focinho” ao meu “Adamastor” e chegar aonde tiver que chegar…O meu destino, mesmo para quem não acredita em destinos, é aí, nesse lugar…

Quanto a ti Sarah, serás sempre uma viajante da minha viagem! É incontornável este pleonasmo, não estejamos com Avé Marias cheias de graça! Sem graça nenhuma...
Não vais é ao meu lado...

Este fulano, finguelinhas, trinca-espinhas, ateu empedernido, em tempo algum o será com a vida… Nela creio e dela sou apóstolo…

Adeus, Sarah!

domingo, 14 de março de 2010

QUE FRIO...



Está frio…

Vou encolher-me todinho, para ver se passa….Não deve passar, e se passar, o calor nunca há-de ser tão amarelinho!

A minha dificuldade com as cores nunca me impediu de apreciar aquele amarelo. Amarelo passarinho! Mas daqueles que dormem na nossa mão enquanto lhes fazemos festinhas na moleirinha…O meu amarelo era mais ou menos assim! Dava vontade de adormecer, de fechar os olhos devagarinho e começar a ouvir a música lá longe…Eu tive um passarinho assim!

A metáfora é demasiado óbvia, não é? Nem sequer está muito bem conseguida…toca a mudar, como fazem os escritores…

Em tempos, a felicidade bateu-me à porta….PIOR AINDA! Estapafúrdio, descontextualizado, piroso e irreal, a felicidade não tem mãos, muito menos motricidade para a fechar, e com os “nozinhos” fazer, TRUZ TRUZ TRUZ…
Por caridade!!!!

Começa a contar a partir de agora, ok leitor?

Um, dois, dois e meia, trêêêsss….

Enquanto o Nick Cave canta para os solitários, estou escrevendo para ti, Pequenina…Usei o gerúndio, porque sim, não deixa de estar correcto…é estranho, lá isso é!

Usei o gerúndio porque tem acção…essa é que é a verdade, Pequenina! Sinto-me estranho. Não mal, estranho! Inerte, também…Dialogo comigo como se eu fosse outro! E o engraçado é que quando faço de outro, além de fazer parágrafo e colocar travessão, pareço mesmo outro!

Não vou ser fastidioso, embora o já tenha sido ao colocar esta “palavrona” perante a sua íris impecável…
Não lhe vou dizer que eu e ela éramos um… Não lhe digo isso porque estaria a mentir…eu e ela éramos dois, porque nem na poesia, um mais um é um!
Sou de letras, mas dou sempre um beijinho na cara à Matemática ( dois não...ela é "fina") quando a vejo…às vezes até fumamos um cigarrinho e cortamos na casaca das Ciências emergentes, essas parvalhonas!

Convido-o agora a voltar ao início do texto…( esteja à vontade para declinar. Diga que tem dentista.)

Estou com frio…e de forma metafórica ainda é pior! Aqui, no quentinho da minha cama, estou como um mendigo na rua, mas um mendigo, cuja manta, nem os pés lhe tapa…O meu colchão não é um cartão, é bem caro até, mas doem-me as costas…

Não se escandalize, leitor! Sei o que está a pensar, está na sua cara! Quer-me dizer, na cara, para não gozar com os pobres, não é? Quer-me dizer que eu sei lá o que é passar frio? Pois bem…esteja à vontade, tem razão! Chame-me burguês, democrata-cristão, parvalhão... não faz mal…Mas diga e continue aí, se faz favor! (o “se faz favor” é dito com olhos de carneirinho mal morto)

Estarás recordada (leitor, agora não estou a falar para si, vou falar para ela, ainda por cima de forma sentimental, seja discreto) do beijinho que demos, ao pé do D. Pedro V?
Não estava a nevar, não havia música de fundo, o cauteleiro gritava pelo treze que ia andar à roda e, se bem me lembro, um velho até expectorou…tudo normal, portanto!

Esse beijinho, que primeiro me negaste e depois não mais me largaste, não sabia a chicla de mentol, nem a sugo de tuti-frutti… do sabor, ao certo, confesso que não me recordo…O que sei, e me lembro, é que enquanto te beijei, viajei, pela primeira vez, de balão! Sim, pela primeira vez… é que “houveram” outras...um "ror" delas, aliás!!( não se diz houveram, é a pressa…mas agora vai assim, com pêlo no buço)

Um beijo, como aquele, normalíssimo, com lábios, língua, saliva e outra vez língua e outra vez lábios e saliva, pôs-me a boiar em ar alto…até desenhei um smile numa nuvenzita que me estava a fazer coceguinhas na ponta do nariz…

Voltando a si, leitor, garanto-lhe que isto aconteceu mesmo…boiei em ar alto, sim senhor, pena não ter tirado fotografias…

Agora estou com fantasmas a dançar chá-chá-chá nos olhos…não na parte castanha, na parte branca! A música está alta, não me deixa dormir e apetece-me chorar…É o que faço! Convém explicar que as lágrimas são acompanhadas, à viola, por soluços de catraio…Pode ser que a festa acabe e o soninho venha…é, pode ser!
O balão, esse, já era! Sobe, sobe balão sobe…O filho da mãe não sobe!

Falta-lhe qualquer coisa, não sei…Deve ser hélio! É, deve ser...

Agora, olhos nos olhos…mas uns "olhos nos olhos" meiguinho, sem rancores, quase, mas sem chorar, com o queixo a as maçãs do rosto a ter um sismo, (não um sisminho, um sismo mesmo) deixa-me dizer-Te o Ary…

Serei tudo o que disseres
por inveja ou negação
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disseres
, Pequenina…

POETA DESAPAIXONADO, NÃO!

Até qualquer dia, Pequenina...

domingo, 7 de março de 2010

"Eg elska þig, muito"



Falar não basta!

Falar é uma emissão de vocábulos, mesmo que as gramáticas o desmintam e com um ar paternal nos digam que é um processo ” incomensuravelmente” mais complicado… (a gramática ama, até à pontinha dos pés, palavras e definições “incomensuravelmente” complicadas e sente o coração a bater a trezentos e dezassete mil à hora quando cruza olhares com orações de treze complementos, quatro predicativos do sujeito e um vocativo que, bem vistas as coisas, não passa de uma interjeição…)

Falar é uma treta…é uma orquestração das cordas vocais com o conluio da língua e da boca…O coração, sujeito honesto e dado a emoções, fica de fora…porque “falar” tem hálito a sandes de fígado…

Em tempos, quando vivia no Michigan, por volta da década de 70, conheci uma mulher.

Peço desculpa pelo parágrafo!

Conhecer uma mulher, por si só, não vai prender o leitor à prosa…Boa estratégia para o “algemar” é reformular…vamos a isso, então

Em tempos, quando vivia no Michigan, por volta da década de 70, conheci uma Mulher.

Falava pelos cotovelos…não literalmente, é claro...mas falava, de facto, pelos cotovelos! Era bonita… sem ser deslumbrante! Era inteligente… sem ser brilhante! Era simpática, sem ser como eu, que ponho dois pacotes de açúcar, e um bocadinho do terceiro, em cada fonema sempre que digo “Bom dia”…

Essa mulher era estranha. Não é que fosse estranha por falta de perspectivismo cultural da minha parte. Era mesmo estranha.
Amei-a como um louco. Melhor, amei-a como um lúcido. Amei-a, prontos… (escusa de dizer que preciso de uma gramática, eu sei que não se diz “prontos”)
Se soubesse fazer amor com as palavras, juro que lhe punha à “frente da vista” um kamasutra de metáforas, em que os verbos agarrariam os substantivos pelas ancas e os adjectivos ficavam, deitadinhos, impávidos e serenos, à espera que os advérbios fizessem o "trabalhinho" todo…

Não sei “pintar” as palavras de cor-de-rosa! Não, não é por ser daltónico…Poder-lhe ia dizer leitor, por exemplo, frases do tipo…”Juro-te amor, um dia havemos de esventrar as calles de la habana num Cadillac antigo, só os dois! Ou, melhor ainda, “ Contigo, sempre contigo, porque ninguém ama como nós, e não me venham falar em descentração, porque ninguém ama MESMO como nós”, mas isso não era pintar as palavras de cor-de-rosa…isso era adorno! Vaidade literária daqueles que instrumentalizam uma “coisa” que vem, mas não devia vir, no dicionário…Ou nos livros. O Amor!
O Amor, como aquele que eu tive ,barra tenho, por essa Mulher, põe o dedo do meio em riste , diz palavras com caveiras e aplica "kekomis" nos abdominais de quem o quer "picotar" com caneta e papel.

Essa Mulher, como era do Michigan”, dizia-me com frequência “ babe, we have to talk, not just speak”… tirando o aparte do “babe”, que, confesso, nunca gostei, o que dizia fazia todo o sentido…

Essa mulher, perdão, Mulher, não sabia grande coisa de Shakespeare…para falar a verdade, não sabia nada do homem... possivelmente nunca terá ouvido falar da luta apaixonante dos aborígenes australianos, nem ouvido a “Martha” do Tom Waitts…e, no entanto, sabia muito mais do que eu... um déspota! Sim, um déspota ! É lamentável não poder substituir aquele “o” da segunda sílaba por um “u”…assentava-me melhor, ficava mais justinho ao corpo!

Eu só “falava” com ela! E o Amor, como aquele que tinha, barra tenho, por Ela, dava gritos mudos há meses para que eu parasse com “essa merda” …sim leitor, gritos mudos, que diziam para eu parar com “essa merda”! Quer que repita?

O meu amor por ela é mal-educado, não faz mal! Amor que é Amor, não passa dum “fedelho” de mochila às costas, contente da vida, que assobia sem razão e a quem é permitido dizer palavrões…mas daquela vez, o Amor foi bem mais maduro que eu.

Sinto tanto a falta dela…Eu quero lá saber que ela nunca tenha lido o “Hamlet”…

Disse, há mil e doze caracteres atrás, que o amor não devia vir nos livros…Mas estar a escrever para ti, Mulher do Michigan, faz-me bem! Alivia-me a tensão arterial!

Se eu fosse incoerente, voltava a dizer que ninguém ama como nós…que havemos, mesmo, de esventrar (ou estripar, já não me lembro) as calles de la Habana num Cadillac antigo…Apetece-me tanto dizer, môr..( môr é o equivalente a “babe”…é uma palavra com esquizofrenia catatónica, mas toda a gente a usa)

Mulher do Michigan, que falas mal inglês, Amo-te e tenho pena de ser assim!
Um lorpa, um “nerd” ( narde, como dirias) que não soube conduzir o nosso barquinho azul-clarinho até ao destino! Enjoaste, pois claro! Quando as ondas eram feias e más para nós, tinha sempre problemas na embraiagem.
Desculpa a minha iliteracia…não percebi que tinha de te pôr uma manta quentinha nas costas quando te abraçavas a ti, sozinha, a tremer e a tilintar os dentes…Nunca te soube ler, Amor… “Empancava” sempre no primeiro caso de leitura que aparecia!
As gramáticas que me desculpem, sou um “cachopo”. Foram um pretexto. A culpa dorme, escova os dentes e janta aqui! Ela mora em mim.

PS: Amo-te