domingo, 21 de dezembro de 2008

EU, JUDAS ME CONFESSO!

“Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados”

Rubem Alves. É o nome do Homem, que, num momento banal proferiu esta afirmação. Banal, porque Rubem Alves é, inequivocamente, uma mente brilhante. O “h” maiúsculo peca, apenas, por defeito…
Hoje, apetece-me falar de educação…Faço, desde já, um pré aviso…Eu admito o meu pretensiosismo! Portanto, se quiser abandonar a leitura do texto que se segue, faça-o agora…! Eu juro que vou fazer os possíveis para ancorar tudo o que disser em argumentos sólidos e na minúcia do detalhe.mas…até eu, às vezes, me acho insuportável, portanto, caro leitor, não tenha qualquer tipo de pejo ou pudor em ocupar o seu precioso tempo doutra forma…Deixe-me a falar sozinho!!!...

Se for professor, peço-lhe, encarecidamente, que não me denuncie….é que, sei lá…o dinheiro faz-me uma certa falta…Por isso, apelo aos laços de “consanguinidade” que nos unem, para me deixarem ser utópico à vontade…Eu sei…Eu sei o que vão pensar quando lerem certas “heresias” que irei escrever! Judas, irá ser o nome mais simpático com que me vão brindar!!! Peço-vos apenas, para estarem seguros que a profissão da minha querida mãezinha é Consultora de Seguros…digo isto, somente para não especularem…Eu sou, de facto, um grandessíssimo filho da... Consultora de Seguros!

Mereço que me persigam…mas, vá lá…já me davam um descontozinho!!! Se vos passar pela cabeça mover alguma acção cível contra a minha insignificante pessoa, volto a apela r ao vosso inquestionável bom senso…falem com a minha querida irmãzinha…ela pode ainda não ter nome na praça…mas asseguro-vos…vai, com toda a certeza, ser uma Psicóloga BRILHANTE! Ainda por cima, é linda que se farta…. Ou seja, a antítese do mano mais velho! Ela trata de mim… ela apetrechar-me-á com as ferramentas mentais necessárias para me pôr acrítico e dar-me-á resiliência para lidar com o bullying, que essas pedagogias libertárias me impõe …(tu nunca me farias isso mana..looool....ah!!! não precisas agradecer a publicidade)

De: João
Para: Professores (que se demitem do seu papel e com um machado tentam cortar a raiz ao pensamento)

Caríssimos colegas

Não posso, haja o que houver, deixar passar em claro mais uma quadra natalícia, sem me dirigir a vocês … Queria, com todo o respeito, mandar-vos para o %#**#$...

Espero que esta carta vos encontre de boa saúde e na paz de Cristo

Um abraço amigo



Peço desculpa por este devaneio, (que está na fronteira de um comportamento psicótico.:) ) mas, às vezes, dá vontade de dizer o que vai na alma, sem qualquer tipo de rodeios, ou receio de consequências à posteriori…
Não estou arrependido do rumo que dei à minha vida, quando, aos 25 anos, decidi voltar a estudar… ( depois de já ter estudado 17…) muito menos arrependido estou, por ter optado ser professor do 1º ciclo!! Voltaria a fazer o mesmo sem vacilar…

A profissão professor só admite uma via….a do espírito de missão. Caso contrário, não vale a pena…não se macem…é feia, é burocrática, é cinzenta…ou seja, é, em traços gerais parecida com Londres…
Sem querer ser abusivo na generalização, Hoje, o professor está descredibilizado…E não quero, com isto, excluir-me, nem ser uma ala separatista dentro da classe…mas, não me peçam solidariedade…isso não!...Eu sei que grande parte da culpa reside nos “sofistas” do Terreiro do Paço (que permitem que um futuro professor possa ingressar numa faculdade com médias de 9.5…sem saber escrever, sem saber pensar, sem saber ser. ..para mim o cerne do problema encontra-se aqui….e era aqui que devia ser feito o enfoque)…mas, nem essa atenuante aligeira…

Não consegui ter um pingo de companheirismo, ou de sentimento de pertença, quando vi as muitas reportagens que os diversos canais reservaram à manifestação…Faço votos para que os professores que falaram ( ou antes, emitiram sons e palavras descoordenadas) não representem o todo…O que fizeram, mais não foi, que dar tiros no pé ( e na cabeça)…O elan que romanceia uma manifestação dilui-se a partir do momento em que os manifestantes não fazem ideia do que estão a falar…e a falta de argumentos só vem pôr a nu aquilo que é obvio…O medo que o mundo saiba, aquilo que eles, nas profundezas do seu íntimo, sempre souberam…que a sua incompetência venha à tona…!!! e aquele sujeito com um "tortumelo capilar" foleiro e descabido (leia-se bigode) que dá pelo nome de Mário Nogueira? …a panóplia de advérbios e de adjectivos que articula convida ao bocejo...
(Eu juro que os “Nogueira” não são todos assim…e o meu progenitor já tirou o tufo patusco há uns anitos…)

E foi pena!…foi pena, porque,apesar de concordar com a Ministra quando diz que é urgente distinguir um bom professor de um mau professor, discordo dos moldes de avaliação...Assinalo a coragem em querer mudar, mas confesso que me causa alguma celeuma, um professor avaliar outro apenas porque os anos de serviço lhe conferem essa possibilidade ( a idade ainda é um posto?)…ou seja, um professor de 50 anos pode avaliar e classificar outro que tem 29, mesmo que o último tenha mais habilitações…!!Mas…e o paradigma Hoje não é outro?? As influências e as correntes pedagógicas não são diferentes? Aquilo que se espera de um professor Hoje, não é muito diferente das expectativas de outrora? O positivismo e a disciplinaridade defendidas no passado, não poderão, se mal interpretados, entrar em rota de colisão com a complexidade e interdisciplinaridade do Presente? …a subjectividade inerente a uma avaliação não aumenta quando se confrontam arquétipos e formas de olhar o mundo??? É que, Hoje, o professor deve levar a aprender…e dantes, o professor ensinava…e isto não é um mero jogo de palavras…( dantes existiam, obviamente, excelentes professores...isso não está em causa)


É kakfiano, aquilo que se faz em algumas escolas …ensinos exclusivamente transmissivos, sem lugar a espírito crítico e a metodologias activas e holisticas…Esquecendo avaliações diagnósticas, omitindo projectos curriculares de turma…
O aluno representa uma esponja que absorve tudo o que o “douto” professor diz…
Ainda subsistem muitos resquícios do velho “Estado Novo” que igualizava comportamentos e produzia indivíduos em série e sem massa crítica, recorrendo a dogmas e à esterilização do processo cultural da pessoa…
Meus caros, isto não é Pretérito Perfeito…Ainda se conjuga no Presente!


A cultura do medo, nas salas de aula, tem, forçosamente, de ser vitima de ostracismo…assim, como professores, que pseudo educam, sem planificação, sem psicologia, e com muito amor institucional…que é a mais eufemística forma de falta de afecto… Outros há, que tem as melhores intenções do mundo, e querem ser professores do 1º ciclo, porque gostam muito de criancinhas,…(epah…eu adoro animais e nunca quis ser veterinário…) mas a gritante falta de cultura, aliada à falta de intenções pedagógicas, e, por que não, a narrow minds, só vem “abebézar e aburrizar (neologismos inventados há 7 segundos..:) as crianças…e, por favor, não subestimem as crianças…

PS1- Peço as mais sinceras desculpas aos muitos professores que não representam esta realidade e que, de forma estóica, apaixonada, esclarecida e missionária, navegam num mar cheio de “Adamastores”….A eles, presto a mais sincera das homenagens

PS2- É óbvio que não vão acreditar… mas… a primeira parte desta crónica não foi escrita sob o efeito de substâncias psicotrópicas...

PS3- Se usa bigode…não ligue ao que eu digo!! Como, obviamente, já se apercebeu, eu sou um idiota…Aprecio a vossa resistência e, por que não, essa contracultura...

PS4-…parafraseando Ortega y Gasset…Se ensinares, ensina ao mesmo tempo a duvidar daquilo que estás a ensinar

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