domingo, 14 de março de 2010

QUE FRIO...



Está frio…

Vou encolher-me todinho, para ver se passa….Não deve passar, e se passar, o calor nunca há-de ser tão amarelinho!

A minha dificuldade com as cores nunca me impediu de apreciar aquele amarelo. Amarelo passarinho! Mas daqueles que dormem na nossa mão enquanto lhes fazemos festinhas na moleirinha…O meu amarelo era mais ou menos assim! Dava vontade de adormecer, de fechar os olhos devagarinho e começar a ouvir a música lá longe…Eu tive um passarinho assim!

A metáfora é demasiado óbvia, não é? Nem sequer está muito bem conseguida…toca a mudar, como fazem os escritores…

Em tempos, a felicidade bateu-me à porta….PIOR AINDA! Estapafúrdio, descontextualizado, piroso e irreal, a felicidade não tem mãos, muito menos motricidade para a fechar, e com os “nozinhos” fazer, TRUZ TRUZ TRUZ…
Por caridade!!!!

Começa a contar a partir de agora, ok leitor?

Um, dois, dois e meia, trêêêsss….

Enquanto o Nick Cave canta para os solitários, estou escrevendo para ti, Pequenina…Usei o gerúndio, porque sim, não deixa de estar correcto…é estranho, lá isso é!

Usei o gerúndio porque tem acção…essa é que é a verdade, Pequenina! Sinto-me estranho. Não mal, estranho! Inerte, também…Dialogo comigo como se eu fosse outro! E o engraçado é que quando faço de outro, além de fazer parágrafo e colocar travessão, pareço mesmo outro!

Não vou ser fastidioso, embora o já tenha sido ao colocar esta “palavrona” perante a sua íris impecável…
Não lhe vou dizer que eu e ela éramos um… Não lhe digo isso porque estaria a mentir…eu e ela éramos dois, porque nem na poesia, um mais um é um!
Sou de letras, mas dou sempre um beijinho na cara à Matemática ( dois não...ela é "fina") quando a vejo…às vezes até fumamos um cigarrinho e cortamos na casaca das Ciências emergentes, essas parvalhonas!

Convido-o agora a voltar ao início do texto…( esteja à vontade para declinar. Diga que tem dentista.)

Estou com frio…e de forma metafórica ainda é pior! Aqui, no quentinho da minha cama, estou como um mendigo na rua, mas um mendigo, cuja manta, nem os pés lhe tapa…O meu colchão não é um cartão, é bem caro até, mas doem-me as costas…

Não se escandalize, leitor! Sei o que está a pensar, está na sua cara! Quer-me dizer, na cara, para não gozar com os pobres, não é? Quer-me dizer que eu sei lá o que é passar frio? Pois bem…esteja à vontade, tem razão! Chame-me burguês, democrata-cristão, parvalhão... não faz mal…Mas diga e continue aí, se faz favor! (o “se faz favor” é dito com olhos de carneirinho mal morto)

Estarás recordada (leitor, agora não estou a falar para si, vou falar para ela, ainda por cima de forma sentimental, seja discreto) do beijinho que demos, ao pé do D. Pedro V?
Não estava a nevar, não havia música de fundo, o cauteleiro gritava pelo treze que ia andar à roda e, se bem me lembro, um velho até expectorou…tudo normal, portanto!

Esse beijinho, que primeiro me negaste e depois não mais me largaste, não sabia a chicla de mentol, nem a sugo de tuti-frutti… do sabor, ao certo, confesso que não me recordo…O que sei, e me lembro, é que enquanto te beijei, viajei, pela primeira vez, de balão! Sim, pela primeira vez… é que “houveram” outras...um "ror" delas, aliás!!( não se diz houveram, é a pressa…mas agora vai assim, com pêlo no buço)

Um beijo, como aquele, normalíssimo, com lábios, língua, saliva e outra vez língua e outra vez lábios e saliva, pôs-me a boiar em ar alto…até desenhei um smile numa nuvenzita que me estava a fazer coceguinhas na ponta do nariz…

Voltando a si, leitor, garanto-lhe que isto aconteceu mesmo…boiei em ar alto, sim senhor, pena não ter tirado fotografias…

Agora estou com fantasmas a dançar chá-chá-chá nos olhos…não na parte castanha, na parte branca! A música está alta, não me deixa dormir e apetece-me chorar…É o que faço! Convém explicar que as lágrimas são acompanhadas, à viola, por soluços de catraio…Pode ser que a festa acabe e o soninho venha…é, pode ser!
O balão, esse, já era! Sobe, sobe balão sobe…O filho da mãe não sobe!

Falta-lhe qualquer coisa, não sei…Deve ser hélio! É, deve ser...

Agora, olhos nos olhos…mas uns "olhos nos olhos" meiguinho, sem rancores, quase, mas sem chorar, com o queixo a as maçãs do rosto a ter um sismo, (não um sisminho, um sismo mesmo) deixa-me dizer-Te o Ary…

Serei tudo o que disseres
por inveja ou negação
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disseres
, Pequenina…

POETA DESAPAIXONADO, NÃO!

Até qualquer dia, Pequenina...

5 comentários:

Dário Pinto disse...

O Porto será sempre a minha paixão, nega-lo seria um erro, mas Lisboa fascinou-me, fez-me perceber melhor a tua pequena bigamia.

Encantas com as tuas palavras.

Um abraço João!

Unknown disse...

Nick Cave? Ary? Muito bem, Professor João!
Continua a inspirar-te nos mestres...
Estás no bom caminho...
Força aí!
Daniela

João Nogueira disse...

Obrigado, Daniela!
No bom caminho estás tu...

beijinho para ti

selenita disse...

por vezes é bom sentir o frio. quando sabemos que em qualquer lado e que uma qualquer chama nos poderá aquecer.

(gosto do cantinho)

João Nogueira disse...

Muito Obrigado, Selenita.
"Aparece" sempre. És bem-vinda.