sexta-feira, 15 de maio de 2009

IDEIAS DESCONEXAS...( sem pontas por onde se lhe peguem)

Está prometido! Um dia destes, acordo e vou até ao Utah…Assim mesmo, sem nada pensado! Vou e pronto…

Confesso que, 29 anos depois, e por mais realidades que tenha experimentado, ainda não tenho uma posição formada em relação a mim…Só por milagre é que as minhas relações inter pessoais não são desastrosas…Já as intra são o equivalente à faixa de Gaza….tanto faço de “Hamas” como de “Fatah”

Uma vez disseram-me que eu tinha uma “coisa” chamada lateralidade cruzada, que associada a outra, chamada “disortografia”, era, com algum grau de certeza, um fortíssimo indício de sobredotação…Estranhei!
Por norma, um sobredotado é um sujeito macambúzio, que ao ano e meio de idade já soletra "otorrinolaringologista" ( fazendo a divisão silábica de forma sublime, chegando ao cúmulo de separar os 2 “erres”) e aos 4 já ganha 15 euros por hora, a dar explicações de técnicas de tradução de espanhol, com sotaque peruano… E eu só reúno consenso na parte do macambúzio…
Andei uma semana a desconfiar que era sobredotado…
No final da minha semana como sobredotado comecei a ganhar alguma vaidade dessa minha recente condição… O meu ego mantinha-se imune às pressões do, também meu, “super ego”, e era frequentemente visto em ambientes de diversão nocturna com o meu “id”…
A minha autoridade intelectual chegou ao ponto de olhar com desdém para algumas análises do “Le Fígaro” sobre temas tão "inespecíficos", como a cisão dos atmos ou a escassez de sacristãos no Burkina Faso!

Nessa semana, eu fundi-me com o Shakespeare e com o Einstein, fundindo-me também, com essa maravilhosa mulher, que toda a gente gostaria de ter fundido, que era a Norma Jean…( falta um elemento conector à frase, mas confesso que nesta crónica não irei valorizar “questiúnculas” semânticas) …
Durante 7 dias, fui um génio…Contudo, o meu ostracizado "super ego", que não suporta a felicidade alheia, fez questão de me trazer de volta à minha “jumenta” existência…o meu Q.I, afinal, pouco passava dos 100…
O que não retira a palavra "inteligente" do meu mundo…tem é um contexto diferente…Sou inteligente…para um burro!

Sou um ser dicotómico...
Repare-se que, até no léxico, sou “sui generis”…Em vez de dicotómico, por que não, confuso? É ou não menos… dicotómico?
Há que me dar valor…é que o leitor não imagina o quão difícil é viver comigo!
Mas eu sou um excelente mediador e lá me vou moldando a mim mesmo, fazendo-me umas cedências aqui e acolá…Eu sou uma união de facto "monossexual"…Estou junto comigo há quase 29 anos! Uma vida...
Por altura das bodas de prata "aquilo" esteve tremido...mas cheguei à conclusão que ainda era por mim que a minha "aorta" bombeava,e que, eu e eu, teríamos, forçosamente de saber viver com feitios opostos...

Se calhar, em vez de cansar o leitor com metáforas, vou-lhe propor o seguinte exercício...metafórico!!
Comece por fechar os olhos…deixe que a minha imbecilidade o invada…vá lá, são só alguns segundos! Acho que não há perigo de contágio! (De qualquer forma, previno-o para dar especial atenção ao primeiro verbo da oração anterior…)

Agora, imagine um sujeito com o cabelo impecavelmente penteado, vestido com um blazer "Armani" cinza escuro, uma camisa branca com botões de punho, uma gravata de seda azul turquesa, uma mala de pele e…uns calções de praia verdes com tubarões azuis, umas pernas peludas e uns chinelos de meter o dedo!
De meter o dedo, caríssimo leitor…!
Nas orelhas, uns “phones”! No ouvido esquerdo ouve-se Fado de Coimbra, no direito, Tokio Hotel…
Esse sujeito, subentendido, que só tem predicado porque está sempre a fazer perguntas ao verbo, sou eu…Um fulano com uma fixação perversa pelo complemento directo!

Gastos os 1000 caractéres de estupidez que me auto concedo, passemos, então, à outra parte da bipolaridade da minha escrita…

Eu gosto muito da vida! E não tenho quaisquer problemas em dizer que tenho muito medo de morrer…muito, mesmo! Não há espiritualismos ou mezinhas que apazigúem este “cagaço”…
Mas do que tenho mesmo medo, é de ver a vida por um canudo!
Isso é que não! Perder o gozo de viver, nunca…
Contudo, os cânones actuais, com as inevitáveis visões projectivas da vida, tornam-na muito pouco romântica…demasiado planeada...(com Pitágoras a substituir Afrodite no Olimpo, numa clara vitória dos "catetos" e da taxa "Euribor" sobre... o Amor!!) ...e, para mim, que sou um utópico ao quadrado, a vida e os dias de felicidade não se podem resumir à raiz cúbica de 365...
E não me venham com chavões do tipo “ epah, se a felicidade fosse uma constante, tu não a ias valorizar…”
Ia, ia, caríssimo leitor…
O leitor farta-se de rir?
Farta-se de fazer amor com a pessoa que ama?
Eu não…!
E se insiste em moderar a felicidade, proponho-lhe, por exemplo, o coito interrupto...Coite só um bocadinho de cada vez! Às pinguinhas...
E, por favor, não leia Ricardo Reis…é um apelo que lhe faço! Ele vai-lhe "copular" a mente com a mania que é possível amar de forma tranquila…!! É preciso "contracepção" literária com ele…pode não ter jogo de cintura, mas tem, definitivamente, jogo de palavras..."Index" com o homem...

Tenho medo de perder a boleia!! O meu polegar não é de fiar...
Contudo, posso sempre colocar outro dedo em riste se me disserem para ir com calma... para não arriscar...
E eu juro que, qualquer dia, em vez de fazer o mestrado, faço mas é a mochila ...! Esqueço-me da lamina de barbear e vou ao Utah conhecer os "mormons" vou à California dar um abraço ao Tom Waits e levar-lhe uma garrafa do melhor e mais "encorpado" Porto Vintage vou a Buenos Aires fumar um "Monte Cristo" com o neto do Guevara e a Villa Fiorito beber um mate de hierbas con el Pelusa Maradona vou tocar guitarra e cantar músicas de intervenção anti apartheid nas escadas pretas do Metro de Pretória vou a Liverpool juntar-me a milhares de "gargantas ruivas" e cantar com o accent da Margaret Thatcher o you ´ll never walk alone" vou a Porto Alegre ouvir um "cover" da Caipira Pira Pora da Elis Regina! ...e vou viver tudo isso da mesma forma com que (não) pontuei este parágrafo...sem ponto final, com pontos de exclamação de "boca aberta" e sem vírgulas...vírgulas e pontos é que nunca! Na viagem, viaja-se...não há tempo para pausas...
Ah! E no regresso vou a Paris...
Assim mesmo....a Paris, reticências.
E tu vens comigo...

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