domingo, 28 de agosto de 2011

OLÁ, RITA!

Olá…


Olhos verdes. Não me engano.

Sou bem-vindo de volta a mim mesmo. Obrigado.

Ensinaste-me o caminho.

“Chegas à rotunda, invertes o sentido da marcha, passas por um atalho onde antes tinha um STOP, segues em frente mais ou menos trinta e sete metros e o teu norte está ali, vês? O teu norte está a sul.

Grato.

Sabes, o novo mete medo. Obriga-te a dormir com a luz da mesinha de cabeceira acesa. O novo é um papão com soutien encarnado, 34, copa B.

Repara: Encarnado, não vermelho.

Não me metes medo.

Tu cheiras a mentol. Sabes a chicla com canela. Sabes quem foi o Ésquilo, sabes latim, declinas, de fio a pavio, do genitivo ao dativo e sabes de cor as estrofes da Odisseia. Que bem que ficava aqui uma rima emparelhada, depois de odisseia, a dizer que és uma sereia.

Nem pensar. Gosto muito das tuas pernocas.

Ouço-te rir e é Dezembro. Fico quentinho, sabes.

Escuto o teu sotaque, primeiro. Só depois ouço o que dizes.

Desembarco em Creta quando ouço os teus “É´s”. Sou um indivíduo estranho, desculpa.

Apaixonei-me pela tua vogal. Amo-a. Não tarda e peço-lhe a mão. E o resto. Sim, ao teu “E”.

Ouve. Aliás, escuta.

Os meus olhos continuam castanhos. Têm íris, pupila e córnea.

Mas já não têm olheiras. Foram à vida delas.

Até nunca, papos na pálpebra inferior!



És Tejo. Porque és grande como ele.

Também és pequenina. Dás-me pelos ombros. Ficas olhos nos olhos com o meu coração.

Ele estranha-te. Não é por mal. É por bem.

Não o leves a mal.



Tirei uma fotografia às tuas sabrinas. Lembras-te? São cinzentas. Ou lilás. Tanto me faz.

São bonitas. São do caminho. Como tu.

Sabes, eu também sou do caminho. Não tenho um Deus ou um santinho, mas sou do caminho.

Encontrei-te a meio. Transpirava muito. Tinha cãibras na tíbia e dor de burro no sítio onde se tem dor de burro. Tinha sede. Tinha a boca seca.

Dou meia volta. Desisto!

Merda! (No sentido não literal, claro.)

Dei-te uma turra quando me virei. Ias para baixo e eu para cima.

Deste-me água. Saraste as minhas feridas. Com muito jeitinho.
És linda...

- Sou a Rita. Muito prazer.


- Obrigado.


(Ris da minha estupidez.)


- …


- Desculpa. Sou o Tiago. Muito prazer.


- Obrigada, também.


(Rio. Tremo)

Dizes que tenho um sorriso bonito. Deixo de ser ateu.

Pedes-me para ir contigo. Faço uma tatuagem de Deus no abdominal. Que outrora tive.

Dizes, feliz, que abro as vogais. Eu digo que tu as comes.

Dizes que não.

Dizes que são “quatr`horas”. Digo “estás a ber?”



Quase não saímos do sítio, ainda. Demos meia-dúzia de passos, no máximo. Nenhum de nós sabe ao certo o caminho. Pode ser que seja por aqui...

Tu trouxeste-me o Natal. Aquele de quando era pequenino.

Rita, somos propriedade comutativa um do outro. Eu mais tu é igual a tu mais eu.

Quero ver-te muitas vezes. Aliás, quero ver-te o triplo da raiz cúbica de um trilião. Não, esquece, é “poucochinho”. Quero ver-te sempre que tu me queiras ver. Assim é mais justo.

Pouco me interessa se ficas com um bocadinho de pastel de nata entre um molar e um incisivo, se escreves Majestic com “g” ou se achas a Torre dos Clérigos um camafeu.

Se calhar, e se não for pedir muito, pedia-te só para fazeres o obséquio de, de vez em quando, respeitares os proibidos. Já não digo sempre. Dois em cada quatro, por exemplo. Já não era mau.


Bem-vinda a mim. Fica o tempo que quiseres.

Reticências.

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