domingo, 29 de novembro de 2009

SUL...




Parti para sul porque sim…talvez por o Norte ser pouco longe!
Faltava-me mundo…E onde estava, o amor era longe!
Fiz bem, acho eu….
No Sul…vou andando! Nunca pior!

Pelo menos, o Amor sentou-se ao meu lado…numa viagem… para norte! O amor sempre me pareceu sulista...não sei porquê!
Vi-o, ao Amor...sentou-se ao meu lado…tenho a certeza que o vi…toquei-lhe na dobra da calça de ganga com o sapato! O amor era ali…a meio caminho entre o norte e o sul, ao pé de uma área de serviço…
Era, de facto, sulista…sempre soubera!

Que pena não ter sido o amor do Amor…! O amor passava a ser perto, dava para ir a pé…mas não…o Amor quis eu continuasse a sair de casa de madrugada e a apanhar um autocarro coberto de geada, com destino a “Não sei onde Boulevard

O amor não me quis, estava no direito dele! Que pena…parecia mesmo que queria! E eu sou bom a ver isso! Intrujou-me, o malandro …Não quis… full stop! paragraph!

Backspace a correr e delete no full stop…fica a ser só parágrafo, ok? com um espaçozinho para umas possíveis reticências, porque eu sou bom a humilhar-me...!! pedinchão, dava tudo pelos três pontinhos na prosa…
Mas não! Não há volta a dar…! Não há mais estrada…Cábut...Game Over you looser…!!
Não… não há “to be continued” para ninguém...
"THE END","IL FINE", "LE FIN"... sem direito sequer a ver o nome das personagens que vem a seguir ao fim...

Acabou…o que nunca começou!

Não é bem assim! Não começou para o Amor…Para mim, começou mal vi que o Amor, não tendo pelo na venta, tinha…! Minto! Começou doze milésimas de segundo antes, quando lhe vi a cara…Sim, porque eu ainda me apaixono por inferências…bastou-me a cara, sim senhor! E cinco milésimas de segundo antes de ver que o amor tinha pelo na venta, não tendo, ainda lhe olhei para os peitos…difamem-me, chamem-me profano, estou-me nas tintas…também me apaixono por circunferências! E mais... quanto mais redondinhas, melhor...

É só fazer as contas, então! Sou um ser humano que demora sete milésimas de segundo a apaixonar-se, mas só nos últimos cinco se apaixona verdadeiramente…Porque o verdadeiro amor precisa de um período de maturação…

Foi no Sul, já em idade adulta, idade para ser homem, que vi que o Amor não era longe…O amor passava a ser ali ao lado, depois da rotunda… mas estava fechado! Informamos os nossos estimados clientes que encerramos de 12/02/1984 a 17/11/ 2034, para descanso do pessoal.
Ponderei, mas decidi não esperar…estava de chuva!

Aquele amor que nunca foi amor ficava ali…quietinho…sossegadinho no Sul, que era a terra dele!
Olhos azuis há muitos…
Mulheres inteligentes há muitas…
Glúteos em forma de pêra rocha há aos magotes
Maçãs do rosto como as tuas? ui, ui...é o que mais há
Mãos de bailarina como as tuas há "um ror" delas...


Pois, pois, oh palerma…nós sabemos disso!

Hoje, continuo no Sul…fui ficando! O Amor, que é o amor de outro, tem treze rugas, quatro delas bem vincadas, feias até …está mais bonita!
Não se lembra que eu me lembro que gostava de roupa amarela, que fechava os olhos com muita força sempre que passava a ponte Maria Pia e que passava a vida a dizer que tinha uns pés bonitos… Não se lembra de mim! Pior…se passar por mim na rua, é bem capaz de pensar que conhece esta cara de "algum lado"…

Agora não me falta mais mundo…Aqui, no Sul, é que é a civilização, pelo menos é o que se diz… Saí do meu ponto cardeal porque a relva parece sempre mais verde do outro lado...Saí à procura deste mundo, onde havia tudo… luzes, prédios altos, tão altos que parecia que Deus morava no último andar… pessoas de cor… cor branca, cor preta, cor amarela…buzinas regateiras, sem noção de ritmo…vi damas, crétcheus, pulas, blacks, chulos, mulheres da vida, mulheres que se faziam à vida…vi burkas a conviver com mamas ao léu… línguas estranhas ...ami crébo tchéu…vi crioulas a namorar brancos finguelas, vi católicos a quererem ser ateus e vi homens felizes.. de mãos de dadas com outros homens…felizes também!

No Sul, que é sempre o Norte de algum lugar, “mastiguei mundo”…vagueei, deambulei, amei... quase que fui amado…Foi mesmo por um triz! Bateu na barra, na linha de golo e... não entrou!
No Sul, onde fazia sempre muito sol, eu andei sempre de gorro e de cachecol...

Hoje, ou melhor, agora, estou aqui no Cais, a bater com o maço de cigarros na palma da mão! O cigarro sabe melhor assim...
Faço 77 anos em Fevereiro e não fui feliz!
Full stop! Paragraph!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

"WE´LL ALWAYS HAVE PARIS..."




A vida tem-me sorrido…com dentes branquinhos e hálito a menta! Esforça-se, inclusive, por usar fio dental…

Estou-lhe grato e juro que se não fosse a cifose precoce, fazia-lhe uma vénia…

Tem-me soprado metáforas em bolas de sabão! Algumas, vêm com pontos de interrogação, outras chegam aos “esses” e trazem reticências! Outras, lamento, mas “escarrapacham-se” na palma da minha mão e nunca as chego a entender…
Outras, as melhores, chegam a dançar a valsa, num aviãozinho de papel, de nariz empinado e asas de Cristo-Rei…

A vida provoca-me… olha-me nos olhos e cruza as pernas devagarinho…e eu, mesmo fingindo não olhar, atiro a caneta ao chão e espreito...mas não consigo ver mais do que umas meias de renda e um joelho “ao léu”…hidratado, no entanto!

Diz que quero tudo muito rápido…respondo-lhe que não sou de ferro!

Parvinha, desmaquilha-se e põe a nu as imperfeições…recorre ao chavão, básico e previsível…”quem tudo quer tudo perde”… por um triz, não digo…“vale a pena arriscar”… perco, momentaneamente, o interesse…são subtraídos 5 centímetros ao meu baixo-ventre em 7 segundos, e tudo devido ao excesso de auto-estima da “senhora”…

Católica! Ateia! Neoliberal! Intervencionista! Grega! Troiana!
É assim a vida…
Ninguém pode levar a sério tal personagem!
Eu levo…mas só porque sou da “laia” dela!

Divirto-me a tentar construir esse puzzle de sete milhões e quatrocentas mil peças…Monto, desmonto, farto-me…atiro as peças contra a parede! Há peças que nunca copulam! Mas recomeço sempre...
Sei que, para já, nunca o irei acabar! Nem quero…Quero ter a sensação do dever incumprido. Fica para amanhã…ou para depois!…do Natal!

No fundo, o que quero mesmo, é continuar nesta mesa do “Majestic” a “trocar olhares” com “ela”, enquanto alguém toca piano…
Posso esperar! Para já, um joelho é óptimo… (relativamente óptimo, vá lá!)

A espera custa…mas é a melhor parte…o “antes”, geralmente, é melhor que o “durante”, portanto, para já, vou sonhando como ela será nua…(e aí, vou agradecer o esforço, mas vou dispensar o fio dental…).
Não ouse negar, leitor…o sonho é a nossa realidade mais perfeita…

A vida…
Os “boateiros” dizem-me para duvidar dela… com baba no canto da boca e com um altifalante colado ao ouvido de quem passa, alcunham-na com um dissílabo seco…ouviram dizer que faz “voluntariado” em casas que deixam os lampiões acesos à noite…
...Duvido sempre de quem não refere a fonte…

E a vida, apesar de se refestelar no divã de Freud, apesar das cápsulas de "ben-u-ron e brufen", não se vende…deixa-se conquistar… Vão precisar é de bem mais que um raminho de rosas!

Mimem-na! Peguem nela ao colo…segurem-lhe nas axilas, atirem-na ao ar e voltem a apanhá-la…se acharem necessário,encostem a boca à barriga dela e façam barulhos estranhos...ela precisa! a vida está na pior fase da vida dela!…a puberdade! As espinhas! A mensagem que nunca chega…

Às vezes, confesso, também perco a paciência com ela…está a mudar muito depressa…e mal! Apetece abaná-la e mandar-lhe um berro…! Dar-lhe uma reguada bem dada, até...
Mas…não posso tratar mal quem me trata bem!
Nunca hei-de esquecer que no dia em que nasci, foi ter comigo ao berçário, apertou-me a bochecha, e disse...
- Benvenuto!! ...Espera só para veres o que tenho para ti…

Tinha-me feito o favor de me moldar duas pessoas a barro…

mio papà e mia mamma

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

PARA TI..."COSTUREIRINHA DA SÉ"




“ Juro-te, amor…um dia ainda vamos “esviscerar” as “calles” de “La Habana” num Cadillac antigo…Só os dois!

Promete-me apenas que não vais olhar só com os olhos…Os olhos tem astigmatismo e cataratas… vêem mal ao perto… e ao longe!! Os olhos, no limite, podem ser um andaime, dão uma ”mãozinha”!
Já viste o que era olhar para o mar de Albufeira sem o nariz… ou para o Bolhão sem o coração! É que, pessoalmente, a compra e venda de chicharros e carapauzinhos de rabo na boca não me fascina por aí além!

Noutro dia, enquanto seguia, “ao relenti”, a rota do fumo que saía do fornilho do meu cachimbo, jorrei, em todas as direcções, as linhas com que gostava de costurar a minha vida… Foram só uns rascunhos, amor…ainda por cima feitos com uns “hieróglifos” deprimentes, riscados numa folha murcha e cheia de “rugas”… Vou contar-te na mesma…

Lembras-te do complot das gaivotas quando, no início, te tentava seduzir com correntes filosóficas descartáveis e com a erótica simbiose entre adjectivos e substantivos? Sábias, e com comichão a trovadores sem talento, esperaram pacientemente pela parte do beijo para me "despacharem", lá do alto, um "souvenir" que escorreu em linha recta, fluindo do meu olho esquerdo ao meu lábio superior, fixando-se, finalmente, a noroeste do caroço de Adão …
Bem feito, o léxico não precisa de violino a acompanhar…

Ou daquela vez em que, em Viseu, eu, com a obtusa e compulsiva necessidade de mostrar conhecimento, te disse que a estátua que vias era de Viriato? …tu, desconfiada e sabedora do meu diletantismo novo-rico, foste, contra a minha vontade, conferir…era de D. Duarte!!!!... Lembro-me daquela espécie de “orgia dos sentidos” que te invadiu…espasmos e soluços de gargalhadas que quase te levaram a fazer a espargata nos paralelos…Primeiro, corei…depois…corei outra vez…!

Fazer a “viagem” ao teu lado é serpentear o destino…é estender-lhe a mão e retirá-la quando ele a tenta apertar…é deitar-lhe a língua de fora, fazer-lhe um manguito e fugir a rir com a mochila às costas…Mas fugir devagarinho, a passo!
Ele é um “padamão”, um “domingueiro”, que anda sempre em primeira…
...Mostrem-lhe os caninos ou os molares, isso basta…

O destino, o fado, o barco negro, as tábuas, os machados que talham os caixões…
Isso não é para nós…não ejaculamos medo, nem deixamos que nos ponham um xaile nas costas…
Continuaremos a nossa “excursão” à procura do cor-de-laranja, do amarelo-torrado e do azul bebé...do ziguezague, do drible, do passo de dança, da "orquestra de baquetas” a tocar no peito …no fundo, disto mesmo…das METÁFORAS, amor…
A vida, sem figuras de estilo, é uma repetição anafórica…chata!! E nós, como somos muito novinhos e idealistas, legalizamos a personificação e despenalizamos a perífrase…A vida é para ser ornamentada. Desenhem-lhe “coraçõezinhos” na capa, estrelas na lombada e tulipas no prefácio…
É que…às vezes, para chegar a Roma, fica mais perto ir à Índia, passar pelo Equador e dar um saltinho à Islândia…

Espero que tenhas gostado…avisei-te da fraca qualidade da caligrafia e das “disfunções erécteis” do papel… Mas…são estas as linhas com que me quero coser...Conto contigo e com o teu sapatinho de bailarina... para, juntos, darmos ao pedal ao mesmo tempo…

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

...ESCOLA PRIMÁRIA...A MINHA!



A minha escola primária sabia a pão com geleia…
Chovia sempre muito…
A minha escola primária era o Júlio a comer iogurte, era a letra bonita do Chita, eram os cabelos loiros da Sabrina…era eu, com calças de bombazina castanhas com remendos e um capote alentejano, que mantinha a temperatura do meu corpo a uns “agradáveis” 670 graus… A minha escola primária era um campo de terra batida onde se jogava ao berlinde, era um autódromo onde se faziam “grand prix” em pistas desenhadas a giz e em que todos fazíamos as curvas sem travar … era uma baliza de plasticina com uma linha de golo imaginária, onde eu tentava imitar o Zé Beto, voando sobre os céus de Rio Tinto, acabando, sempre, por aterrar em queda livre e reduzir a já de si curta esperança de vida dos meus dentes de leite…
A minha escola primária era eu, trapalhão, a picotar e a recortar por fora e a produzir , indiscriminadamente, "estalagmites" de cola UHU, que iam do meu polegar ao meu indicador...a minha escola primária era eu, daltónico, a pintar a bandeira de Portugal com guache castanho…

Estas são as recordações mais fiéis que tenho desta escola…ou dessa escola…porque eu não andei na mesma escola que os miúdos que andam na escola que andei…As cadeiras, as mesas, as sebentas, e a “Emilinha”(empregada), podem até ser as mesmas…mas… a escola é um poema…como tal, as cadeiras, as mesas e o quadro, são versos só meus…e não duvide leitor, a minha escola primária sabia mesmo a pão com geleia…

A minha escola primária tinha “poetas” que não gostavam de poesia…”poetas” que assassinavam o poema com fisgas à socapa da noite...”poetas” que tinham alergia a agulhas…agulhas que, gentilmente e devagarinho, faziam tricô com o pensamento…Davam-lhe mimo...ou melhor, miminho...
Na minha escola primária, os “poetas” tinham a mania da perfeição…eram rectilíneos… e para que nada saísse da linha, usavam réguas...réguas que sabiam ler a sina!
…Ninguém…ninguém conhece as rotundas, as cedências de passagem e as bifurcações das linhas da minha mão, como a régua da minha escola primária…

Eu não sei se fui feliz na minha escola primária…Se fui, a culpa é do Júlio, do Chita, da Sabrina, da Liliana, do Renato, do Miguel…E esses, por mais que cresçam, que usem barba, pêra e suiças, na minha cabeça vão estar sempre lambuzados e besuntados de cornetto de chocolate, a brincar aos leggos, a misturar e remisturar peças de puzzle e a saltar às cordas … A minha escola primária, infelizmente, foram só eles…
O resto… foi um assalto à mão armada…

Sim…nunca me esqueci da tabuada…sei de cor a sequência dos reis e o nome dos tratados…Sei que não se diz “tu há-des aprender, ouvistes…” sei que existem gados caprinos e asininos, sei fazer a prova dos nove, e do Minho ao Algarve não há província que me escape…
E??????.....Isso é tão pouco...
Senti sempre falta de ar…a minha escola não gostava de asas…era mais gaiolas!

Bofetadas, reguadas, sapatadas…fila dos bons, fila dos “mais ou menos” e fila da "miséria" (?!) …cópias, ditados, contas, Avé Maria, outra cópia e outra bofetada... uma reguada por escrever “Pai Noço”, um "senhor" puxão de orelhas acompanhado de um arregalar de olhos porque leio mal a palavra “cágado” e transformo, inocentemente, a pobre tartaruga num adjectivo de hábitos higiénicos questionáveis… um berro de megafone a 2 centímetros do meu ouvido e sou o epicentro do meu próprio sismo...fico periclitante em cima do estrado...e tudo porque a “perninha” do “d” estava, imagine-se, zero vírgula quatro decímetros menos enroscada que o normal...
Sou “despromovido”…despeço-me da fila dos “mais ou menos” e "desço", num "escorregão em espiral", à fila da "miséria"…um conjunto de miúdos, cuja auto estima, era, de facto, uma miséria…era a fila dos depositados, dos feios,do "ranho no nariz", dos maus…como eu…como eu me senti!


O leitor pode refutar…dizer que era assim que se ganhava “coluna vertebral”…
Eu contra refuto... e, gentilmente- politicamente correctíssimo-, digo-lhe que a “coluna vertebral” é um processo que dura a vida toda, portanto, ainda está em boa idade para levar, também o leitor, uma bela duma “bordoada” para que a “espinha” apareça mais rapidamente…
O leitor não me pode levar a mal...é para o seu bem!!!!

Nenhum professor tem o direito de bater ou de fazer terrorismo psicológico com crianças…
Lembro-me de um “miserável”, como eu, que no Carnaval se fantasiou de “Robin dos Bosques”…a professora disse que estavam todos muitos giros, uns mais do que outros…só o “Robin” é que estava... assim…para o feiozito…

Nunca mais vi esse colega, mas estou ansioso por reencontrá-lo...tenho a certeza que as palavras da sapiente professora o devem ter auxiliado na construção da personalidade…
Hoje, deve ter uma “coluna vertebral” espantosa…


Aos meus amigos “pequeninos”…e só a eles…obrigado pelo pão com geleia…

sábado, 27 de junho de 2009

DECISÕES...




Uma decisão, por mais pequena que seja, pode mudar uma vida…Eu sei que o senhor La Palisse não diria melhor, mas…
Às vezes, penso como seria hoje a minha vida se tivesse trocado um não por um sim ou se tivesse respondido correctamente à pergunta da específica de Inglês do 12º ano...O John Osborne e o triângulo amoroso do "Look Back in Anger" "despacharam-me" para a capital...
Entrei com 18 anos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e lembro-me bem da angústia dos domingos à noite, quando tinha de deixar o Porto…Tive a oportunidade de não ir…de esperar um ano e ficar, comodamente, no Porto…decidi ir!

Durante meses pensei que tinha tomado a pior decisão…Lisboa e eu não tivemos uma química imediata. Nem sequer uma Física...Aliás, começou por ser uma relação deprimente, sem qualquer tipo de “cócegas” na libido…Uma relação completamente assexuada... Lisboa era incapaz de adicionar um centímetro que fosse ao meu baixo-ventre...nem mesmo quando se "despia" e me tentava seduzir com o lirismo do Terreiro do Paço ou com a beleza sibilina da Rua Augusta…
Zero de excitação na mais "pornográfica" das idades…
Voltei para o Porto, com quem fantasiava a partir de Lisboa …O Douro, os Clérigos, a Foz …eram as minhas fontes de onanismo solitário…

Quando cheguei, o Porto não me pareceu o mesmo… se calhar eu é que estava diferente…O ano que passei fora dele levou-me a projectá-lo à condição de “Brigitte Bardot”…Lisboa era uma "Virgínia Wolf" sem talento literário…
A Faculdade de Letras, agora do Porto, não era o meu tipo de “mulher”… Não a conhecia e o “blind date” revelou-se desastroso…
Encurralado, sem amor e sem paixão, fiquei com ela por obrigação…O nosso problema de comunicação era tão complexo e tinha tantas declinações que acabou por ser o próprio latim que nos separou…
Me miséret
Entretanto, fui uma espécie de jornalista, fui vítima de um contrabandista …mas sempre...sempre com Ela em vista…
O Crepúsculo fazia rebolar a minha almofada e Lisboa aparecia nos meus sonhos, agora com um Rossio esculpido e com uns glúteos em forma de pêra rocha…
Decidi voltar…
Nesta Lisboa já vi uma mistura de poesia e de doçura…que se calhar já existia…eu é que nunca tinha olhado!
Esta Lisboa era uma mulher de quem se gosta, talvez até se chegue a amar, quem sabe…Mas, nunca me ia dar o sabor das tâmaras…com ela não ia ejacular jactos de existência …Podia, até, fazer-me ligeiramente feliz…mas... este advérbio de modo ia ser um revólver sempre pronto a disparar no meu encéfalo…
Eu nunca quis ser “suavemente", “moderadamente” ou “relativamente” feliz…

Ela, altruísta, percebeu, e numa viagem de despedida, guarnacemos o velho cacilheiro com pastéis de Belém e desancorámos no Cais das Colunas... adormecemos nas margens do Lis, abraçamo-nos no Mondego "debaixo" dos acordes de uma tuna e demos um beijinho de despedida quando eu desaguava no Douro...Disse-lhe ao ouvido que ela era a outra "margem" de mim...
Depois…depois, aí sim, tomei a decisão que me vai fazer “completamente” feliz…

Ainda em tronco nu e chapinado pelas gotas doces do rio, com D. Maria e Luiz I debruçados sobre uma varanda velhinha da Ribeira e com o Cais de Gaia em bicos de pé, pedi uma bicicleta emprestada a um "tripeiro" e pedalei, descalço, até ao Marquês para te ir buscar…
Tinhas contigo uma toalha que cheirava a tangerina, secaste-me e tiraste-me o frio que durava há séculos…Deixei de tremer... mas sempre com pele de galinha...
Descemos até à Batalha com as mãos tão entrelaçadas que ganharam ferida…Falavas dos teus meninos, dos teus portfolios e da tua dificuldade em perceber que não se coloca uma vírgula entre o sujeito e o predicado…Disse-te que, de sintaxe, só tinhas de saber que há coisas tão importantes…tão importantes… que nunca se coloca um ponto final…

Nesse dia pensei muito em Lisboa…Só cheguei ao Marquês por causa dela...

sexta-feira, 5 de junho de 2009

TOM SAWYER! GRATO!




Os sonhos são fascinantes…
Noutro dia, por exemplo, sonhei que recebia o “Prémio Pessoa” das mãos do próprio. A audiência era composta por um público heterogéneo e com “ligeiras” diferenças de idade.
Na primeira fila estava o Eça e os “vencidos da vida” com os respectivos penduricalhos. Entenda-se, bigodes e bengalas...
Mais atrás, perdidos entre esquissos, rascunhos, guernicas e capelas sistinas, estavam o Picasso, o Dali e o Michelangelo, il più bel ragazzo di roma...
No fundo da sala, e pouco satisfeitas com isso, estava um grupo de “sufragistas”americanas que não respeitava o no smoking, obrigando o parnasianista do Cesário Verde a mudar de lugar e servindo de pretexto ao portista do Miguel Sousa Tavares para pavonear o seu “british accent”. Do palanque, ouvi um... do you have lights? irrepreensível e com “clave de sol” no “h”.
O sonho estava numa fase quixotesca! O meu inconsciente, filantropo como sempre, decidiu adicionar-lhe Sancho Pança, e na fase final do discurso vitorioso, dando seguimento à coerência do sonho, agradeci ao...Tom Sawyer!!(?)
O sonho começava a assemelhar-se a um filme do Kusturica com música de fundo do Alfredo Marceneiro…

Julgo que o "Prémio Pessoa" ficou bem entregue…Com muita pena minha, o sonho não teve o tempo suficiente para que eu ficasse a par da minha obra, mas deve ter sido tão poética e surrealista, que serviu de reconciliação entre o Saramago e o Lobo Antunes…Lembro-me, vagamente, de os ter visto trocar livros…O Lobo chegou até a fazer uma dedicatória especial ao Saramago no “Os cus de Judas”…

O meu inconsciente é criativo…mas é, sobretudo, consciente…
Quem nunca viu “Tom Sawyer” que atire a primeira pedra…
Mantenha-se sereno, leitor…não há perigo de lapidação…

Tom Sawyer personifica a metáfora mais bonita da vida!
Obrigado Tom, Huck, Becky, Tia Polly, Sid e Índio Joe
Vocês, aí nessa aldeia de S. Petersburgo,onde só chovia para a seguir haver arco-íris e cheirinho a terra molhada, fizeram mais por mim do que qualquer compêndio, dicionário ou flexão de verbo irregular sumus estis sunt i am you are

…Sejam bem vindas as teorias construtivistas na educação...Freinet, Rosseau e Paulo Freire, grazie per tutto ...instalem-se à vontade Luísa Ducla Soares e António Torrado…nem é necessário sacudirem os sapatos à entrada...!
Rubem Alves, tu que "ziguezagueias" a tua caneta da mesma forma que as neguinhas da Baía saracoteiam os quadrís na avenida, puxa para ti essa cadeira...
Nós, as crianças, adoramos o artesanato com que fiam as vossas sinapses ...

Mas... Mark Twain...ele deu-nos o “Tom Sawyer”… vou repetir...agora em maiúsculas e a negrito...TOM SAWYER!
esquadrinhem…vasculhem…façam observações empíricas...capítulo por capítulo, personagem por personagem, cenário por cenário e digam-nos, se tiverem coragem, em que medida um gaiato de sete anos ir confessar-se ao Sr. Abade, por exemplo, é mais importantes e veicula mais alegria…
Para vocês, seus hereges, um balão de banda desenhada cheio de caveiras, pontos de exclamação, estrelas e cardinais...
Deus, se fosse criança, ia preferir fazer uma corrida de "mariposa" com o Tom nas margens do Mississipi, “empanturrar-se” com bolos de chila na cabana do Huck e ficar corado com um beijinho da Becky … a ser obrigado a gritar hossanas aos 7 anos!

Twain não escrevia com o erotismo de Al Berto, não tinha o azul safira e os "cavalos marinhos" de Sophia, ou a capacidade de Bocage, que colocava dois gramas de alcóol por cada litro de sangue do leitor, a cada verso "bebido"...
Mas, para mim, que sou lambareiro como os catraios, Twain foi o poeta das estrofes que esguichavam algodão doce e gomas de limão...

E o meu discurso como vencedor do "Prémio Pessoa", além de fluído, fez todo o sentido…

sábado, 23 de maio de 2009

PICADILLY CIRCUS, OBRIGADO PELO NEVOEIRO...



Continuo a preferir as cassetes e os discos! Prefiro puxar para a frente e para trás, ouvir o barulho do rebobinador…Também prefiro o aspecto estético, confesso! Continuo a escolher ver os mesmos filmes que via contigo! Ainda ontem “voltei” ao Quénia e à nossa “Africa Minha”…A Meryl Streep está sempre igual! Eu não deixo que ela envelheça…Dizem-me que já tem rugas! Não acredito…

Amor, ainda ouço a “Unchain Melody” e, pelo menos uma vez por dia, coloco a agulha no gira discos para ouvir a tua música…
”When I need you
I just close my eyes and Im with you,
And all that I so want to give you
Its only a heartbeat away

Desde que partiste que o Leo Sayer é quase a única pessoa que ouço! Mas, sabes…às vezes, mesmo fechando os olhos, não te vejo…Tenho tanto medo de esquecer o teu rosto! Ontem sonhei contigo, mas tinhas outra cara! Hoje, vou-me recusar a adormecer…Não é que isso constitua qualquer desafio! Eu não durmo há 17 anos!
Para ti foi mais fácil! Aliás amor, chego-te a invejar a sorte! Deixámos ambos de viver, é um facto, mas eu morri mais do que tu…
Tu não te lembras de mim. Se calhar, hoje és uma adolescente do Ohio que sonha entrar em Direito em Harvard…!Quem sabe…! Deus é tão estranho que isso não me espantaria…

Mas eu…eu continuo aqui! Na mesma casa, na mesma cama e abraçado aos mesmos lençóis…o teu cheiro já não existe…Nem a tua almofada tem o teu cheiro …Gastei-o todo em inalações ininterruptas …Mas, não te preocupes, o resto continua no mesmo sítio! …Vai tudo permanecer como estava quando foste…quando te foste, meu amor!

Eu estou velho…o espelho reflecte um demente! Ontem parti-o…Parti o espelho e parti o quadro do Monet…não o suportava mais, amor! Nada ajuda…nada aligeira! Tu tiraste-me tudo!
Pouco saio à rua…quando saio levo o quispo que me deste…sempre com o carapuço na cabeça…seja Julho ou Janeiro! Uma vez por mês vou ao supermercado e compro tudo de uma vez…Já não conheço ninguém da nossa rua…eu também só olho nos "olhos" os paralelos!
Às vezes, de longe a longe, ainda falo com o Pedro, mas não deixo que ele entre cá em casa…Ficamos a falar com a porta entreaberta e com o cadeado como muro de Berlim…Nunca mais ninguém entrou na nossa casa!
Foi-me diagnosticada disrupção...sabes o que é?

Amor! Amor, não é um nome comum! Amor não se classifica morfologicamente…Amor és tu, amor!
Noutro dia, há quatro anos, li outra vez o Hemingway…(o que passámos para comprar “As torrentes da Primavera”, lembras-te?) e a propósito não sei de quê, ele dizia que já não conseguia chorar…que não tinha mais lágrimas!! Eu tenho…mesmo com os comprimidos, eu tenho…Muitas! Uma enxurrada delas… Choro todos os dias…é uma rotina que quase me faz sentir-te…às vezes, quando choro com muita força, ouço-te a abraçares-me e a dizeres que isto vai passar…falas tão baixinho! Mas não vai, nem a falar baixinho…Não vai…

Desculpa, amor…voltei a fumar! Fumo 70 cigarros todos os dias há 6205 dias…Mas não há problema! O tacabo faz mal ao coração, mas eu já não tenho um!
Lembras-te quando me disseste que só me voltavas a beijar no dia em que a minha boca deixasse de saber a “Marlboro Lights”?
Apetece-me parar de escrever!
A dor é sempre a mesma, mas às vezes dói mais! Só não paro porque acabei de te ver nua…esta fotografia devia-me fazer sorrir, mas os meus maxilares endureceram, foi-lhes ceifado o nervo, não permitem expressão, estão algemados, presos numa cela sem luz e sem espaço…
Apanharam perpétua...

Tirei-ta naquele hotel de Canterbury…Querias a todo o custo fazer amor ali…mesmo em frente à Catedral de Kent!! Sua devassa...

Inglaterra foi a viagem da nossa vida, não foi?...(Nós nunca fomos muito "praia"!)
Devorámos Óscar Wilde ao "som" de um chá na "Headington Library", fomos a Wembley ver a final da taça e tu festejaste um golo do City em plena bancada do United... em Buckingham, na changing of the guard , fizeste um manguito à Rainha, fugimos da polícia, corremos contra a mão e só nos encontrámos na estátua de Eros , em Picadilly Circus!
Apareceste de repente…
Esventraste o “smog” e correste até mim debaixo dos fios de chuva …Que bem que te ficava o cabelo “britanicamente” molhado!! beijei-te…com lábios, com língua, com saliva, com nariz! sabias a suor! Um suor doce e fresco!
Abracei-te. O Big Ben parou.
A vida eras tu…

Não aguento, amor! Isto é um simulacro de inferno!…Não há Al Bertos ou Herbertos, não há Sade nem Anaïs, caranguejolas ou pedras filosofais...Sou personagem de uma tragédia de Ésquilo. Morro em Tróia na fogueira de Hefestos...De trovador do nirvana a poeta do caos foram sete segundos!!
Que se foda a poesia!
Que se foda tudo, amor!


Não tenho mais forças! O comprimido apenas cria uma falsa ilusão de tranquilidade! E como é falsa, eu percebo-a…Só me enganava no início...Chega a doer mais com anestesia…
Se me visses agora não me vias a mim! Porque eu não sou este! Este é um doente…cheio de tosse e de expectoração...Um doente com os dedos amarelos, com areia nos dentes, com a cara encorrilhada, com fado nos olhos…uns olhos que são um poço vazio! Não há nada lá dentro…nem íris nem córneas…só um balde desce de vez em quando para depositar lágrimas! Eu cheiro mal…
Vou parar para fumar, porque os doentes fumam muito…nem sabem que estão a fumar, mas fumam…cigarro atrás de cigarro, até que o filtro não caiba mais nos dedos, amarelos e imundos!
Fumo de tudo...menos "Marlboro Lights"...
…Morri no dia em que morreste! Vomito todos os dias"! Tu morreste, morreste mesmo! Não tenho fé, não tenho religião, não tenho Deus…por isso, não tenho a ilusão de te voltar a ver! Se tivesse isso da fé…já não estava cá! Aliás, estar ou não estar cá é igual, porque se estou cá, não sei… eu acho que estou algures...a sudoeste de um sítio onde não se vê a Inglaterra...
Isto não era para ser assim, amor! Não era, pois não?

sexta-feira, 15 de maio de 2009

E a minha playlist é...

  1. Tom Waits- "Tom traubert blues"
  2. Tom Waits- "Martha"
  3. Tom Waits- "Take me home"
  4. Jorge Palma- "A gente vai continuar"
  5. Jorge Palma- "O meu amor existe"
  6. Jorge Palma- "À espera do fim"
  7. Pablo Milanes- "Iolanda"
  8. Dire Straits- "Why worry"
  9. Otis Redding- "I´ve been loving you"
  10. Nick Cave- "Into my arms"
  11. Elis Regina- "Romaria"
  12. Simon and Garfunkel- " Bridge over troubled waters"
  13. Rui Veloso- "O prometido é devido"
  14. Xutos & Pontapés- "Circo de Feras"
  15. Guns N´Roses- "November Rain"
  16. Queen- " Bohemian Rapsody"
  17. Pink Floyd-" Wish you were here"
  18. Supertramp- "Breakfast in America"
  19. Adriano Correia de Oliveira- "Trova do vento que passa"
  20. Bruce Springsteen- "The River"

IDEIAS DESCONEXAS...( sem pontas por onde se lhe peguem)

Está prometido! Um dia destes, acordo e vou até ao Utah…Assim mesmo, sem nada pensado! Vou e pronto…

Confesso que, 29 anos depois, e por mais realidades que tenha experimentado, ainda não tenho uma posição formada em relação a mim…Só por milagre é que as minhas relações inter pessoais não são desastrosas…Já as intra são o equivalente à faixa de Gaza….tanto faço de “Hamas” como de “Fatah”

Uma vez disseram-me que eu tinha uma “coisa” chamada lateralidade cruzada, que associada a outra, chamada “disortografia”, era, com algum grau de certeza, um fortíssimo indício de sobredotação…Estranhei!
Por norma, um sobredotado é um sujeito macambúzio, que ao ano e meio de idade já soletra "otorrinolaringologista" ( fazendo a divisão silábica de forma sublime, chegando ao cúmulo de separar os 2 “erres”) e aos 4 já ganha 15 euros por hora, a dar explicações de técnicas de tradução de espanhol, com sotaque peruano… E eu só reúno consenso na parte do macambúzio…
Andei uma semana a desconfiar que era sobredotado…
No final da minha semana como sobredotado comecei a ganhar alguma vaidade dessa minha recente condição… O meu ego mantinha-se imune às pressões do, também meu, “super ego”, e era frequentemente visto em ambientes de diversão nocturna com o meu “id”…
A minha autoridade intelectual chegou ao ponto de olhar com desdém para algumas análises do “Le Fígaro” sobre temas tão "inespecíficos", como a cisão dos atmos ou a escassez de sacristãos no Burkina Faso!

Nessa semana, eu fundi-me com o Shakespeare e com o Einstein, fundindo-me também, com essa maravilhosa mulher, que toda a gente gostaria de ter fundido, que era a Norma Jean…( falta um elemento conector à frase, mas confesso que nesta crónica não irei valorizar “questiúnculas” semânticas) …
Durante 7 dias, fui um génio…Contudo, o meu ostracizado "super ego", que não suporta a felicidade alheia, fez questão de me trazer de volta à minha “jumenta” existência…o meu Q.I, afinal, pouco passava dos 100…
O que não retira a palavra "inteligente" do meu mundo…tem é um contexto diferente…Sou inteligente…para um burro!

Sou um ser dicotómico...
Repare-se que, até no léxico, sou “sui generis”…Em vez de dicotómico, por que não, confuso? É ou não menos… dicotómico?
Há que me dar valor…é que o leitor não imagina o quão difícil é viver comigo!
Mas eu sou um excelente mediador e lá me vou moldando a mim mesmo, fazendo-me umas cedências aqui e acolá…Eu sou uma união de facto "monossexual"…Estou junto comigo há quase 29 anos! Uma vida...
Por altura das bodas de prata "aquilo" esteve tremido...mas cheguei à conclusão que ainda era por mim que a minha "aorta" bombeava,e que, eu e eu, teríamos, forçosamente de saber viver com feitios opostos...

Se calhar, em vez de cansar o leitor com metáforas, vou-lhe propor o seguinte exercício...metafórico!!
Comece por fechar os olhos…deixe que a minha imbecilidade o invada…vá lá, são só alguns segundos! Acho que não há perigo de contágio! (De qualquer forma, previno-o para dar especial atenção ao primeiro verbo da oração anterior…)

Agora, imagine um sujeito com o cabelo impecavelmente penteado, vestido com um blazer "Armani" cinza escuro, uma camisa branca com botões de punho, uma gravata de seda azul turquesa, uma mala de pele e…uns calções de praia verdes com tubarões azuis, umas pernas peludas e uns chinelos de meter o dedo!
De meter o dedo, caríssimo leitor…!
Nas orelhas, uns “phones”! No ouvido esquerdo ouve-se Fado de Coimbra, no direito, Tokio Hotel…
Esse sujeito, subentendido, que só tem predicado porque está sempre a fazer perguntas ao verbo, sou eu…Um fulano com uma fixação perversa pelo complemento directo!

Gastos os 1000 caractéres de estupidez que me auto concedo, passemos, então, à outra parte da bipolaridade da minha escrita…

Eu gosto muito da vida! E não tenho quaisquer problemas em dizer que tenho muito medo de morrer…muito, mesmo! Não há espiritualismos ou mezinhas que apazigúem este “cagaço”…
Mas do que tenho mesmo medo, é de ver a vida por um canudo!
Isso é que não! Perder o gozo de viver, nunca…
Contudo, os cânones actuais, com as inevitáveis visões projectivas da vida, tornam-na muito pouco romântica…demasiado planeada...(com Pitágoras a substituir Afrodite no Olimpo, numa clara vitória dos "catetos" e da taxa "Euribor" sobre... o Amor!!) ...e, para mim, que sou um utópico ao quadrado, a vida e os dias de felicidade não se podem resumir à raiz cúbica de 365...
E não me venham com chavões do tipo “ epah, se a felicidade fosse uma constante, tu não a ias valorizar…”
Ia, ia, caríssimo leitor…
O leitor farta-se de rir?
Farta-se de fazer amor com a pessoa que ama?
Eu não…!
E se insiste em moderar a felicidade, proponho-lhe, por exemplo, o coito interrupto...Coite só um bocadinho de cada vez! Às pinguinhas...
E, por favor, não leia Ricardo Reis…é um apelo que lhe faço! Ele vai-lhe "copular" a mente com a mania que é possível amar de forma tranquila…!! É preciso "contracepção" literária com ele…pode não ter jogo de cintura, mas tem, definitivamente, jogo de palavras..."Index" com o homem...

Tenho medo de perder a boleia!! O meu polegar não é de fiar...
Contudo, posso sempre colocar outro dedo em riste se me disserem para ir com calma... para não arriscar...
E eu juro que, qualquer dia, em vez de fazer o mestrado, faço mas é a mochila ...! Esqueço-me da lamina de barbear e vou ao Utah conhecer os "mormons" vou à California dar um abraço ao Tom Waits e levar-lhe uma garrafa do melhor e mais "encorpado" Porto Vintage vou a Buenos Aires fumar um "Monte Cristo" com o neto do Guevara e a Villa Fiorito beber um mate de hierbas con el Pelusa Maradona vou tocar guitarra e cantar músicas de intervenção anti apartheid nas escadas pretas do Metro de Pretória vou a Liverpool juntar-me a milhares de "gargantas ruivas" e cantar com o accent da Margaret Thatcher o you ´ll never walk alone" vou a Porto Alegre ouvir um "cover" da Caipira Pira Pora da Elis Regina! ...e vou viver tudo isso da mesma forma com que (não) pontuei este parágrafo...sem ponto final, com pontos de exclamação de "boca aberta" e sem vírgulas...vírgulas e pontos é que nunca! Na viagem, viaja-se...não há tempo para pausas...
Ah! E no regresso vou a Paris...
Assim mesmo....a Paris, reticências.
E tu vens comigo...

sexta-feira, 17 de abril de 2009

O PORTO É...MAIS OU MENOS ISTO!!



Ponto prévio...uma boa noticia para si, leitor…Prometo ser breve


O Porto é, dogmaticamente falando, o local mais encantado do planeta
( fala-vos alguém que, dos 196 países do mundo, já visitou…2…ou melhor, 1, a Inglaterra…porque ir a Vigo não conta…)
Se tem apenas um conhecimento vago sobre o Porto, disponibilizo-me, desde já, para ser o seu cicerone …Então aqui vai…

O Porto tem casas, supermercados, estradas, um rio com água, pontes, escolas e alguns t3 com vista para o mercado abastecedor…

Então? Ficou ou não extasiado com a descrição detalhista?...

Não se iniba em demonstrar o seu espanto…Solte aquela interjeição barra palavrão começada por “F,” e para a simbiose ser perfeita, complemente-a com a siamesa que principia por “C” …esteja à vontade…Não se preocupe com pudores! Ninguém se vai melindrar …Estamos no Porto!

A profissão mais difícil do mundo é ser guia da cidade do Porto! Simplesmente, não é possível… (Sem querer pôr em causa a sua capacidade persuasiva, permita-me duvidar do seu sucesso se optasse por dar seguimento à sua vida, vendendo camisolas de gola alta na praia da Aguda, em pleno Agosto…Ser guia no Porto é mais ou menos isso…só que mais difícil)
O Porto não tem nada de especial! (Espere…não me insulte já)


Se for turista e quiser fazer um périplo de 2 ou 3 dias pelo Porto… não o faça!
O trânsito é caótico, os nossos eléctricos, embora bem arrumadinhos, não têm o romantismo dos da capital e, se quisermos ser justos, falta-nos, por exemplo, a tristeza poética de um Chiado ou de uma Madragoa… e a torre dos Clérigos nem sequer foi a obra mais bem conseguida do Nasoni…
Aqui, fala-se mal…escancaram-se as vogais e assassinam-se ditongos …
Já ouviu a palavra (?) “máinhe”?
Esteja à vontade para não acreditar mas, veja lá bem, que este "homicídius linguaes", significa… “Mãe”
Vá a Óbidos ou a Vila Nova de Mil Fontes…é mais giro!!

Eu sei que a palavra “alma” é de uma subjectividade brutal…Eu não posso obrigar o leitor a gostar ou a sentir algo que não seja visível a olho nu…é até absurda tal pretensão …! Mas, lanço-lhe um repto... se alguma vez quiser fazer uma tese de Mestrado ou um Projecto de Investigação sobre o tema, poupe algum dinheiro, instale-se durante um mês numa das muitas pensões da Invicta e deambule…deambular será suficiente para lhe dar aquilo que nenhuma “montanha bibliográfica”, por mais filtrada que esteja, alguma vez o conseguirá… O Porto não vem nos livros!

Ainda se lembra da parte em que lhe disse que o Porto não tem nada de especial? Peço-lhe desculpa…Há 3 parágrafos atrás eu tinha problemas de álcool…

O Porto não é nenhum Adónis… não é, de todo, um metrossexual que hidrata a pele do rosto e escanhoa os pêlos do nariz …O Porto não veste Prada…nem sequer Zara!…e a última vez que foi ao ginásio foi no intervalo das invasões Napoléonicas…
Ainda bem que o Porto, o meu Porto, não é um bibelot macrobiótico, acrítico, de rosto pálido e robótico…Aqui, não se "maquilham" emoções e não são usados preservativos nos sentimentos…Os sentimentos são alérgicos a latex...são um assunto demasiado sério para não serem sentidos na sua plenitude…
O Porto não põe bottox no sotaque (…o sotaque feio…mais bonito do mundo)
O Porto faz amor com os palavrões…é um Kamasutra de afectos…é o coração de D.Pedro IV, 31 de Janeiro e um comício do Humberto Delgado...
Aqui, por enquanto, ainda vale mais ser, do que parecer…(Perdoem-nos o atraso civilizacional…)

O Porto...O Porto vai para os jardins do palácio ouvir Ottis Reding e chorar, às escondidas, por Lisboa...amam-se!…sem querer...mas amam-se!
shiiuuuu...é segredo!



O Porto é possessivo…é a saia da minha mãe! Às vezes sufoca e chateia…
Esboça um leve e irónico sorriso quando decido partir, alegando querer conhecer o mundo …Ele sabe que volto…não me dá importância…
Parto…Arrependo-me antes de chegar à Ponte da Arrábida…Outra má decisão, a juntar a tantas outras …quero a saia da minha mãe outra vez…Não posso…é tarde e o Porto fica definitivamente para trás…
Chego a outras paragens…decido soltar-me das amarras do Porto…sinto-me patético por depender tanto de um sítio onde, por casualidade nasci…
Sou como os outros…deposito a alma num prostíbulo…digo que o Porto está muito fechado em si mesmo e começo a falar um português "escangalhado" em que o "burguês" "V" começa a substituir o telúrico "B"...(de baca)...sinto-me sujo, como uma viela da Rua Escura…com vergonha da minha sem vergonha…
A viagem não me devolve o quotidiano alegre…Nunca chego a desembarcar de mim mesmo…
Tenho saudades das inutilidades úteis...Sinto falta do vento pungente e da hulha da minha gente...
Durmo…tenho erecções…primeiro com o Bolhão, depois com a noite de S. João…
Acordo a chorar...
Aproveito o excesso instantâneo de lucidez e decido voltar para de onde nunca saí…
Passo a Ponte da Arrábida...olho para o rio e temo que me engula…
motivo? Traição!!
Assim mesmo...sem meias palavras!
…Saio incólume e… lá está o Porto …O mesmo… mas diferente…
Com a testa franzida, pergunta-me como é o mundo... como são as cataratas do Niagara,o Forte de Mombassa e os poemas do Frank O`Hara...
Depois, pretensioso, pergunta-me quem é que eu quero enganar...
Encolho os ombros estreitos, baixo a cabeça, e aceito a evidência…sou patético…não consigo ,nem nunca irei conseguir, deixar o sítio onde por casualidade nasci…


Se decidir vir ao Porto, seja justo com Ele e fique, no mínimo, 10 dias…e livre-se de recorrer aos serviços de um guia…Por melhor que ele fale da fantástica obra arquitectónica que é, por exemplo, o edifício da Câmara Municipal, ele vai reduzir o Porto a pedra…
E o Porto não se vê….

domingo, 5 de abril de 2009

...I SHOULD STOP SWALLOWING FROGS!!



Só posso ser um amante de batráquios!!!! A quantidade de sapos que engulo, devia funcionar como uma aprendizagem pedagógica daquilo que não se deve fazer…mas não…digestão feita, e lá vem outra vez o vil sapito mergulhar no meu, sempre disponível e acolhedor, aparelho digestivo!!! Sou um “merdas” empedernido…não há volta a dar....!!

Há uns meses atrás, na circunvalação, ia à minha frente uma Renault 4 azul ( ou roxa, não posso precisar) que tinha um anuncio sugestivo…” Quer deixar de ser um “merdas”?... Nós temos a solução…Confesso que me senti tentado a ligar para o número, exibido no vidro traseiro, e cheguei, inclusive, a imaginar-me numa sala alcatifada, forrada com um papel de parede alusivo a gladíolos brancos, um quadro da última ceia de Cristo na parede, uma mesa com frutas falsas e seis indivíduos balofos e baixos, a baterem-me palmas de forma efusiva e descoordenada, após as minhas palavras de apresentação, ditas, aliás, com toda a pujança…”Olá, eu sou o João e sou um merdas”
É obvio que a ideia durou apenas até ficar lado a lado com a carrinha, no semáforo…A criatura que conduzia a relíquia francesa, tinha assim um aspecto…como hei-de dizer…consegue imaginar o Woody Allen?... Subtraia-lhe o génio e adicione-lhe um bigode, assim para o amarelado, e um tique nervoso que o fazia levar a mão ao baixo ventre, a cada 3 segundos…eis o nosso homem!!…(não me convenceu)

Gostava de ter uma personalidade forte…daquelas que dizem tudo o que pensam... ( se é que as há)…mas, por mais que me esforce, não sou capaz…Caro leitor, eu sou do pior…peço-lhe, pelas alminhas, para nunca me perguntar se gosto das suas sapatilhas bordô, ou se acho que a sua namorada nova tem cara de prostituta… eu vou dizer-lhe sempre o que quer ouvir…Eu juro que não é por mal!! (once "merdas"..."always merdas")

Eu não consigo dizer “Não”…
Às vezes, estou quase quase a dizer…mas…parece que estou formatado para que, no momento em que quase me surpreendo, lá surjam os entediantes, “se calhar”, “talvez” “quem sabe”…os “nins”…

Não aprendo…aliás, dou-lhe até uma dica…se for septuagenária, testemunha de Jeová, e estiver a fazer o seu típico trabalho de evangelização, não hesite…é que nem sequer vacile… mesmo que eu esteja a olhar para o chão, a fingir que falo ao telemóvel, ou mesmo que o meu corte de cabelo não lhe pareça o mais adequado para um filho de Deus...mesmo assim…dirija-se a mim e diga “boa tarde, posso dar-lhe uma palavrinha?” que eu, por mais que o meu olhar diga o contrário, vou dizer-lhe…”sim…claro” …( não bastava o sim…) …e não precisa de ser breve minha senhora…disponha! …
eu vou estar durante todo o seu monólogo, a pensar numa “amável” forma de lhe dizer que tenho uma aula para dar, dentro de 10 minutos, mas…isso não interessa nada, porque… não vou conseguir…
Vou, não só ouvi-la até ao fim, como também lhe irei prometer, ler os panfletos que, gentilmente me irá oferecer…contudo, e por que fica sempre bem, vou-lhe perguntar se lhe devo alguma coisa…

Caríssimo leitor, eu sou aquele tipo de pessoa com quem pode combinar um café às 4 e aparecer às 5h58...nem pense que lhe vou pedir explicações ou acusá-lo de falta de consideração…nada disso…!! sou até capaz de lhe dizer que acabei de chegar e que os 4 copos de cerveja vazios e as 349 cascas de tremoços que vê espalhados pela mesa , não são, nem meus, nem sequer, fortíssimos indicadores de que já ali estou, há mais de 2 horas...

Mas esta personalidade (?) não é de Hoje… é longitudinal…Lembro-me de um teste de História do 8ªano e de uma colega, que queria copiar por mim, ficar ofendidíssima por não o conseguir, devido à “gatafunhada” que era a minha caligrafia…Andou mesmo uns dias sem me falar… claro está, que a minha atitude foi a única que se podia ter numa situação daquele calibre … pedi-lhe desculpa e prometi que no teste seguinte, iria fazer a letra mais “enroscadinha”, para que ela, independentemente de eu demorar o quíntuplo do tempo a escrever, pudesse copiar à vontade e com outro grau de precisão...!

Mas…estou a melhorar! Lentamente, mas estou…Hoje, consegui dizer “Não" a um grupo de jovens, extremamente simpáticos, donos de um altruísmo notável, que estavam, voluntariamente, a angariar fundos para acabar com a fome num bairro cá do burgo…pediam apenas 1 cêntimo…
mas eu, orgulhosamente, disse, NÃAAO...!
Aliás, senti-me tão bem que, alguns metros depois, voltei para trás, toquei no ombro da menina e repeti o "NÃO"...

(Esta página, para além de todo o rol de disparates contidos, permite-me “catarsar” sobre o meu “eu”…o blog é o meu divã e eu sou, simultaneamente, sujeito e objecto…ou seja, faço de mim e de Freud…com a vantagem suplementar de eu não cobrar dinheiro a mim mesmo…Pelo menos, até ver…)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

TOM WAITS...




Que não lhe passe pela cabeça ouvir "isto" só com os ouvidos...

OLD FRIENDS...



O leitor sabe que sou confuso… é uma evidência! Ia desafiá-lo a ler um qualquer post anterior para se aperceber disso…entretanto, a minha irmã passou pelo portátil, franziu a testa, e disse que um parágrafo era suficiente…
Podiam até ser palavras de circunstância…mas…ela é Psicóloga!

Antes de começar a escrever este texto, estava dividido entre abordar a situação actual da rede de transportes colectivos de uma ex República da União Soviética, que agora me falha o nome, ou, o não menos interessante fenómeno do diformismo sexual da plumagem do tentilhão, esse pássaro de pequeno porte da família dos fringilídeos…Eu compreendo que o leitor esteja impaciente para saber a duração do percurso da carreira 37 do autocarro que faz a ligação entre as cidades vizinhas de Karabogazkel e Byrdalik…mas… se calhar ficava para outra ocasião, ok?

Acabo de ouvir o “old friends” do Simon e do Garfunkel…e, por momentos, “volto ao liceu”…Lembro-me de todos…de todos os meus amigos que iriam ser sempre amigos! A estrada, por mais bifurcações que tivesse, nunca iria deixar que nos perdêssemos, que nos desperdiçássemos…
Como podia, se o “eu”, era, frequentemente, substituído pelo “nós”?

Por melhores pessoas que Hoje possamos ser, no liceu, éramos inevitavelmente melhores… (estou disponível para opiniões sociológicas contrárias…não estou é disponível para as aceitar …e poupem-me! Poupem-me, por favor, ao obséquio que gentilmente me julgam fazer, ao dizerem-me que preciso de me libertar do passado e viver alegremente o presente e dar, por exemplo, valor ao chilrear dos passarinhos... que são tão amarelinhos!! ( Se mo disserem, sou obrigado a pedir desde já desculpas por uma eventual indelicadeza…é que, além de pôr em causa a idoneidade da instituição onde se formou… vou ainda apostar que o Sr sociólogo passou a sua adolescência "enfiado" num quarto com cheiro a naftalina, “castanhamente” mobilado, a lutar com a antena da televisão a preto e branco, que não o deixava ver em condições o “TV Rural” do engenheiro Sousa Veloso…Tudo isto, acompanhado pelas suas duas tias bisavós...Verões incluídos )

Hoje, passados anos, eu perdi muitos amigos…posso-me sempre escudar na Língua Portuguesa, e nas suas ardilosas locuções, que aligeiram qualquer sensação de mau estar…“ são vicissitudes da vida...”, é um belo exemplo disso... ajuda a minimizar e não permite contra argumentação…
Fui, confesso, um mau amigo em muitas situações ( vicissitudes, meus caros)…imagine o caríssimo leitor, que cheguei a declinar um convite de aniversário, alegando estar, imagine-se, com uma intoxicação alimentar(?)…e o pior, é que esta escusa faz parte de uma panóplia, onde também estão incluídos falsos óbitos de familiares distantes que viviam a Norte de Manaus... Esta criatividade mental, aliada a uma expressão facial pesarosa, fazia com que ainda me desejassem as melhoras, ou, se fosse o caso, os pêsames…Que vergonha! …Sinto-me um palhaço (pobre)

A vida é assim mesmo…e velhos amigos chegam ao ponto de, frente a frente, cumprimentarem-se a medo ou virar a cara na esperança de não ser reconhecido pelo…amigo! Quando até os dois se sentem mal por disfarçar de forma tão descarada, lá aparece outra vez a Língua Portuguesa, com pérolas do tipo…” és tu, não és? ( lol, o gajo deve estar à espera que o outro diga “Não, não sou eu”…) ou, “ Estava-te a conhecer de algum lado” ( tipo, sei lá…da escola…fomos da mesma turma durante 12 anos, 9 dos quais partilhámos a mesma mesa, …se calhar é daí, não sei…)…Claro que surge sempre uma justificação pertinente para a demora do cumprimento “ Como estás com menos cabelo na parte lateral da testa tive dificuldade em reconhecer-te…eu sei que essa cicatriz enorme no queixo, que sempre tiveste, ainda aí está, mas sabes…como ficaste privado de alguns “filamentos capilares” , poucos diga-se, ainda hesitei…Mas a despedida é a parte mais engraçada de toda a conversa, que ambos anseiam que termine… “Temos de marcar um jantar” ( claro…podemos até já marcar a data…4 de Junho de 2047 às 9h...em ponto)



Pior do que nunca mais ver um amigo, é vê-lo anos mais tarde e perceber que era preferível não o ter visto! Não porque ele estivesse mal, ou com melhor aspecto que nós…mas…o leitor entende-me…há coisas que gostamos de preservar, tal qual eram…
Ou, se calhar não…mas eu avisei que era confuso…e logo no primeiro parágrafo (ainda por cima ancorando-me na opinião de uma psicóloga…:)

Eu, que não sou nada sentimentalão, quero apenas dizer que tenho muitas saudades dos meus velhos amigos…

quarta-feira, 1 de abril de 2009

"CARPE DIEM" (e não, não é uma frase bonita do Myspace ou do Hi5)

A minha mãe faz hoje 51 anos!! Continua linda! Aliás, quem me dera estar como ela, quando tiver…29!!!
Eu tenho 28 e lembro-me da minha mãe ter 28… hmmm…se eu quisesse ser demasiado realista diria que não tarda nada e tenho 51…mas não….vou optar pela “verdade mentirosa”….ainda me faltam 8365 dias!! Também não é preciso ser brilhante a Matemática para perceber que quando eu tiver 51, a minha mãe, que há pouco tinha 28, terá, se Deus quiser (inculcaram-me esta expressão no léxico...) 74 anos(???)

Vou poupar o leitor a lugares comuns…O leitor está farto de saber que a vida são 2 dias…Mas é um bocado injusto, não? (Não era, de todo descabido, nós, humanos, criarmos um sindicato…estou até a imaginar o Carvalho da Silva (CGTP) de pescoço levantado e de altifalante na mão, a gritar “ pela justiça social, exigimos 150 anos de vida”…a resposta seria, prontamente dada por um assessor de Deus, que do seu pedestal, e com o menor dos protocolos, diria…”Vozes de burro não chegam ao céu”…assim mesmo, sem direito sequer a um ámen…)…Mas o Carvalho, que já tem muitos anos disto, refutaria num tom quase afónico (e já com um torcicolo) “ Ai não, então porque é que respondeste?...

Eu tenho 28 anos e sou demasiado novo para esta conversa…Torna-me mais velho…parece que a minha escrita tem rugas, cabelos grisalhos e disfunções erécteis…Lá chegarei, não há a necessidade de apressar o processo…

Depois de todos estes desvarios, ou, se preferir, delírios, quero apenas dizer que não se pode “brincar” com o tempo …Caso contrário, e sem darmos por ela, (porque o tempo é indelicado, aparece sem enviar SMS) é ele que se ri de nós…e sábio e irónico como é, é bem capaz de nos apanhar sentados numa poltrona, "enfiados" num roupão em tons de bege ao xadrez, com a mão no queixo, e com o que resta do olhar fixo num ponto que faz de passado ...e de forma "kafkiana" sussurrar-nos ao ouvido "Ai acreditaste no Goethe…pensaste mesmo que a vida é a infância da imortalidade…ai não a viveste? Tá bem, então!!…Lamento, tivesses Vivido, tivesses amado….
E a nós, vai nos restar ir à manga do pijama, tirar de lá o lenço amarrotado, puxar os óculos para o nariz, e secar aquilo que gostaríamos que fosse só uma lágrima...

sábado, 21 de março de 2009

...



Bento XVI diz que preservativos agravam combate à sida


"Não se pode resolver (o problema da sida) com a distribuição de preservativos", disse o Papa aos jornalistas a bordo do avião da Alitália que o levará até Yaounde, nos Camarões. Acrescentou que, "pelo contrário, a sua utilização agrava o problema".


Ainda tentei, mas nem ironizar consigo...

A CASTIDADE DA PÁGINA...


São 2h17 da manhã em Rio Tinto ( irritam-me as rádios que à hora certa insistem em dizer “São 9h em Lisboa”…( como se em Freixo de Espada à Cinta ou no Samouco fosse meio-dia) portanto, também tenho o direito de dizer que são 2h17 em Rio Tinto) e estou com muita vontade de escrever…
Para atribuir à prosa uma dimensão mais sentimental, vasculho a colecção de vinis…a oferta é muita e tentadora...Fafá de Belém, Xitãozinho e Xororó, Nel Monteiro( Nel??!!...pensei que fosse impossível existir uma adaptação de nome mais assassina que os inebriantes “Toninho” e “Neca”…afinal há!!...)…estou, de facto, tentado.......a mandar isto tudo para o “galheiro”!! Finalmente, encontro algo que gosto…Nick Cave!!
E nisto, já são 2h37…em Rio Tinto!!!!

Apetece-me mesmo escrever…alias, sinto que vou fazer uma grande crónica! Uma crónica pautada pelo rigor da sua escrita, pela qualidade do seu conteúdo e pela agilidade de raciocínio que caracteriza o seu autor (ou não)…Tenho tanta certeza disso que o síndrome da página em branco não me afecta nada…(e se se mantiver em branco, posso sempre alegar que o João César Monteiro também realizou um filme sem imagens)…Mas não!!…Eu vou escrever uma crónica muito aformoseada, pertinente, capaz de pôr o leitor a pensar que a narrativa está tão boa, tão boa, que, inevitavelmente, vai levantar a questão do plágio...Alguns leitores ( não você, claro…outros) com mais tempo livre, vão mesmo chegar ao ponto de juntar pedacinhos e colocá-los no google, na esperança que o motor de busca os direccione para um ou outro excerto de um romance de Pepetela ou de Mia Couto…Enfim, uma crónica capaz de ser incluída na secção cultural de um jornal que dispensa apresentações como é o caso do “O Correio da parte oriental de Baguim”, que sai, religiosamente, todos os domingos depois da missa das 10h, com uma tiragem média de 62 exemplares…

E com isto, a página já não se encontra totalmente branca! E menos branca ficará se me debruçar sobre a singularidade dos espinafres aqui de Rio Tinto…Garanto-lhe que não há espinafres como os desta humilde e devota freguesia…O espinafre riotintense é uma hortaliça com enorme valor fisiológico e nutritivo, bastante rico em vitaminas, minerais em forma de sais, clorofila, oligoelementos e fermentos. 100g de espinafre contêm 93 g de água; 2,3 g de proteínas; 0,3 g de gordura e 1,8 g de hidratos de carbono e apenas umas 20 calorias….

Oh leitor peço-lhe desculpa…estou até envergonhado…mas…a realidade é que, às vezes, o melhor é não forçar e deixar a página sossegadinha…Há páginas que nasceram para permanecerem …branquinhas…puras...intocáveis

E com tudo isto, já são 4h57…em Rio Tinto.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

LISBOA. A MINHA!



Ó céu azul ­ o mesmo da minha infância ­,
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflecte!



Álvaro de Campos


Se não é preciso muita perspicácia para perceber que os meus processos mentais são tão pacíficos como as relações israelo-palestinianas, já a minha escrita implica um outro tipo de minúcia… é falsa. Como Moisés! Ou Isaías...é a mulher fatal que o Cesário Verde tanto falava… Muito ornamentadinha, sem normalizações linguísticas, cheia de acronímias e advérbios de modo…não se iluda, leitor de textos light!! Os advérbios de modo só se usam para encher chouriços, para circunlóquios e levam à inoperância do discurso…a falta de normalizações linguísticas não é genuína…ela surge na esperança que o leitor possua défices cognitivos e raciocínios lógicos pouco válidos  …um razoável linguista desmascarar-me-ia em 7 segundos… As acronímias e as parassínteses não passam de processos morfológicos escusados e despropositados que apenas alimentam a minha vaidade, que, por sua vez, tenta esconder a minha insegurança, tornando-a, desse modo, ainda mais óbvia ……e se tiver com atenção, vai ter a oportunidade de se aperceber que pontuo tão bem como o líder do partido nacionalista pensa… ( mau exemplo. A minha pontuação é má, mas é digna…)
Estou-me a desviar...façamos o enfoque no que realmente interessa.

25 de Novembro de 1998
19h13m


Mãe
Acabo de chegar a Lisboa. Não estou triste. Estar triste nem era mau…Estou desesperado!
Acabo de ver um homem que no local onde supostamente deveria estar o rosto, tem uma espécie de máscara, uma preta nua com aproximadamente 204kg a falar sozinha e 4 adolescentes indianos, cheios de acne, com sacas do “pingo doce” a discutir preços com 4 prostitutas, cuja média de idade deve rondar os 83...
Isto é muito feio…
Mãe, deixa-me ir embora…Estou com saudades do pai, da mana e de ti…Cada vez que entro na Faculdade, mais saudades tenho do Zé, do Sérgio, da Bia, do Luís, do Carlos…Percebo com mais facilidade um filme Tanzaniano sem legendas, do que esta espécie de português que se fala aqui em Lisboa!!
Como estou hoje, Rio Tinto parece-me Nova Iorque…

Mãe, andei de metro…juro que foi a última vez! Um cigano que ia ao meu lado, quase me forçou a comprar um relógio, cujo design devia estar na moda...por altura das aparições de Fátima!
Um japonês, ou chinês, veio-me pedir um cigarro em mandarim… ou lá que era aquilo que saía da boca amarelo fluorescente e despovoada de molares do individuo....é tudo tão estranho!!
Ah! Fico sem perceber a razao da canção "Cheira bem, cheira a Lisboa"...Que contrasenso!
Mãe…tenho medo de ficar aqui…

04 de Julho de 2005
00h37m


Mãe
Por Lisboa tudo bem…Apesar do Benfica ter sido campeão…
Como estão todos aí?
Eu estou mesmo bem…
Mãe, devias ver a luz que há aqui em Lisboa. Hoje, depois do trabalho passeei pelo Rossio e pelo Chiado…
Vou sentir saudades desta terra!! Não é a minha, mas sabes, já é como se fosse! Principalmente agora que me vou embora… Vou voltar porque tem mesmo de ser… mas garanto-te…vou ter saudades dos chineses, dos paquistaneses, dos pretos e dos brancos…Lisboa é assim mesmo! E sabes…eu gosto!!
Vou ter saudades do meu Saldanha…do cheiro dos crisântemos da Rua Augusta. Ou das tulipas, não sei ao certo o que aquilo é!…deste branco do Rossio... de observar as pessoas no final do dia no Terreiro do Paço à espera do barco para o Barreiro…Vou ter saudades do Rodolfo, do David, do Sr António da Pastelaria Suiça, que há anos me diz “é a bica do costume? E eu há anos que respondo..”Não…é o café do costume”...

E que falta me vai fazer o azul do Tejo…
Mãe, mesmo detesta
ndo, vou sentir falta dos caracóis da Beira Gare, do bife com esparregado do Galeto e da ginjinha no Eduardinho… até deste sotaque, que faz com que a palavra "merda" soe a música sacra, vou sentir falta...
Sabes, vou falecer de  saudades da linha verde do metro..(Uma viagem agradável nessa linha, acontece, por exemplo, quando os dentes que nos subtraem nao são os frontais...) e do cheiro da cidade. Cheiro-a com os olhos. Lisboa é um arco-íris de pessoas!
Aqui, sou o Pessoa, cada vez que desço a Rua Garrett...Sem bigode. Todavia com uma ligeira cifose, também...

Estou a fazer as malas com angústia! Vai tudo amarrotado!

Não me leves a mal, mãe… Eu também tenho muitas saudades vossas, mastenho medo de sair daqui. 
Estou em crer que voltarei. Estou em crer que voltarei...

domingo, 25 de janeiro de 2009

...EXERCÍCIO DE DESAMBIGUAÇÃO DO CONCEITO DE FELICIDADE...


Escrever a história da minha vida pode ser um acto narcísico…imaginem se eu escrevesse uma livro autobiográfico aos 25 anos…Um bocadinho petulante, não?
…Vou, então escrever, 1/3 da história da minha vida… (presumindo que irei viver até aos 75)
Houve fases desta vida em que eu pensei que o meu maior problema fosse pensar…pensar e sonhar!! Andaram-me a enganar todos estes anos, pensava!! E eu tinha a certeza que se não sonhasse seria mais feliz…Nunca devia ter duvidado da sabedoria popular e dos registos etnográficos…”Quanto mais alto é o voo, maior é a queda”…”Sai desse mundo da lua”…Mas duvidei…Ousei sonhar…Nessa altura, quem me falou em juízo crítico merecia ter um Fidel ou um Chavez como Pai! Eu sou daltónico, mas tudo o que sempre não quis, foi fazer parte do cinzentismo generalizado…Desse fado, que nos assenta como uma luva!
Eu sempre soube para onde não queria ir!!! O problema nunca esteve aí…o problema foi sempre de fundo, estrutural….eu nunca soube muito bem para onde queria ir!(Deixemos os eufemismos…eu não fazia ideia para onde queria ir!!) E, convenhamos, esta dicotomia não matava, mas moía…
Dizem-me que sobrevivi ao complexo de Édipo, e que passei incólume pelos estádios de desenvolvimento piagetianos…aliás, disseram-me que o meu pré operatório chegou a ter momentos brilhantes…chegaram-me, inclusive, a vender a ideia que eu era um excelente socializador…Mas…caríssima Psicologia, alguma coisa te escapou…Não quero ser pretensioso nem egocêntrico …mas, tempos houve, onde eu justificava o divã……

O conflito desilusão/esperança chegou a ser cómico e ninguém melhor que eu compreendia o Fernando Pessoa…aliás, eu cheguei a pensar que era uma espécie de alelo do Fernando…Mas…a certa altura da minha vida eu conheci o Ary dos Santos…e ele disse-me que podia ser tudo…menos poeta castrado!!!conheci o cesariny ...conheci o Jorge Amado, que me falou do gato malhado e da andorinha sinhá e chamou-me cinzento…Eu, que não conheço o cinzento, fiquei sem perceber se aquilo era elogio, defeito, ou mero exercício de retórica…Ele disse-me que era defeito…dos grandes!! Disse-me ainda que acreditava que podia mudar o mundo…e eu, apesar de saber que o Jorge brincava aos verbos, aos adjectivos, às onomatopeias e às isotopias, como ninguém, nunca pensei que ele me estivesse a iludir… …É que o Jorge falava com os olhos…)

Eu conheci a Natália Correia…Conheci-a numa tarde de Sporting-Benfica em que Lisboa era toda para nós …Corremos de mãos dadas pelo Rossio, dançámos para o D. Pedro IV e só parámos debaixo do aconchego do arco da Rua Augusta…Aí a Natália passou a mão pela minha barba e numa terminologia só dela falou-me das almas censuradas e de liberdade…Lisboa nunca me parecera tão branca…!!

Depois, numa quinta-feira de chuva, em Paris, encontrei o Jean Paul Sartre, que me convidou para um café no Deux Magots, em Monmartre, e entre um croissant e uma baforada no charuto, disse-me que nunca se é Homem enquanto não se encontra alguma coisa pela qual se estaria disposto a morrer…O Pessoa que me desculpe mas esta metodologia de percepção da vida agradou-me mais…Ainda por cima numa altura em que tinha o Sena como pano de fundo…

Hoje continuo a ser confuso…Já não tenho, sequer, ilusões de deixar de o ser...mas…dizem que agora sou cinzento e cor de rosa…Continuo sem perceber se é bom ou não…Se bem que desconfio sempre do cor de rosa…!!
Tem piada…Ainda há quem compare a personalidade a um gesso inflexível…eu lembro-me tão bem de descer a Ribeira e não pensar em nada…e hoje, que a volto a descer, a mesma ribeira, penso alegremente no futuro…Pois, Deus, se existir, há-de permitir que aquilo que não existe seja fortemente iluminado…Tenho impressão que se os meus dois eus se cruzassem, nessa mesma rua, iam olhar-se de forma indiferente…Nem sequer se iam sentir à vontade para dizer bom dia…não iam ter empatia para tal!! O meu eu de hoje não procura arquitecturas de fuga e a vida, para ele, deixou de ser um trapézio sem rede…

Não estou mais maduro…nem quero…Faço questão de preservar estes laivos de imaturidade genuína…estou é mais feliz!! Bem Mais!!! Para isso, contribuíram o Ary dos Santos, o Jorge Amado,a Natália e o Sartre, mas…quem contribui mesmo, foi a Maria. A Minha Maria! No momento em que a conheci, nem sequer reparei nos seus lábios de silêncio, nas mãos de bailarina…ou nos 30 mil cavalos que lhe galopavam no peito… lembrei-me foi do Sartre…

Foi ela que me tirou do limbo e impediu que eu fosse normal! Por normal entenda-se obsoleto…estandardizado…e segundo o que dizem, cinzento……(não que ser “normal” seja assim tão mau…Mas, convenhamos… quem vive na ténue fronteira entre a desilusão e o sonho, tem, forçosamente de ter um incentivo extra)… E Hoje Maria, o meu ideal de felicidade, é estar contigo no quentinho, num dia de muito frio, de muita chuva…Hoje, bastas-me tu…e uma manta castanha, muito feia, mas muito quentinha!!! E, por favor, não me chamem redutor ou simplista! Nem me mandem questionar as minhas prioridades…Se o fizerem, eu juro que vos devolvo um sorriso condescendente de assumida superioridade emocional…Hoje, sei que enquanto houver ventos e mares a gente vai continuar,e contigo, sempre contigo, vou chegar onde quero e gozar bem a minha rota…Contigo, sempre contigo, quero ejacular vida…Contigo, e de certeza, para sempre contigo, por que ninguém ama como nós, e não me venham falar em descentração… porque ninguém ama mesmo como nós... vou escrever os outros 2 terços da minha história, com a vontade de quem não quer passar pela vida para ser um mero figurante….Até daqui a 50 anos…

ZECA AFONSO...



...Sobretudo pela mensagem...mas também pela música

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

...ARQUITECTURAS DE FUGA...À ASMA PSICOLÓGICA





Sinto que muitas vezes as minhas palavras são vagas...aponto caminhos, mas não dou soluções...Eu sei que é pretensão pensar que o leitor iria recorrer a mim como motor de busca, ou guia espiritual, mas...Palavra que gostava de ter a solução para travar os impetos a uma sociedade que potencia cidadãos deprimentes e deprimidos...e infelizes!!..Não tenho...nem eu, nem os meus textos( como se os textos e eu não fossemos um só)essa capacidade!! Aqui não encontra mais do que um parceiro na busca infrutífera de tentar perceber o mundo...Mesmo sabendo que se trata de um jogo para o qual já entramos a perder...por muitos!!...

Fará sentido falar-se em evolução da sociedade? Eu respondo não...o leitor, perplexo e visivelmente incomodado, contrapõe, remetendo-me para os fantásticos avanços na Medicina,para as admiráveis desconstruções de evidências da Filosofia pós Moderna, para as impensáveis tecnologias, que fazem com que o acesso à China fique à distância de um "ENTER"... e permitem saber qual o Stand de automóveis mais fidedigno nos subúrbios da capital do Burkina Faso,em 7 segundos!!...Sou obrigado a concordar!! Mas, calma!!... reitero o não inicial...
O leitor, em desespero de causa, faz jogo sujo, e já com um ar condescendente, coloca a mão no meu ombro,inspira, expira, e relembra-me da minha insolência...( grande coisa leitor...Dizer o obvio é muito simplista...) Diz-me que não sei do que falo...que sou um sortudo por não ter nascido num periodo em que só se podia abrir a boca para bocejar ou para ir ao dentista...e, julgando ter-me encostado às cordas, tenta o knock out com a expressão condenatória..."Tu sabes lá..."... O leitor vira costas... e eu chamo-o de forma timida...Fito-lhe os sapatos e, com um volume vocal quase imperceptível, sou obrigado a pedir desculpa!!
O leitor, vitorioso, volta a virar costas e prepara-se para acender um cigarro...e eu volto a chamá-lo...ainda mais embaraçado mas, vai se lá perceber porquê, com uma especial atracção pelo abismo, volto a fixar o olhar nos sapatos do leitor e digo a sussurrar...."Sabe, Sr leitor, eu não vivi esse tempo, nunca tive de tomar banho de água fria, de fazer necessidades para um buraco,nunca tive meses para receber uma carta da Guiné, e, de facto, não hipotequei a minha adolescência na tropa ou a pensar nela...(Falo de cor!! Até parece que estou a relativizar...)não me passa pela cabeça como eram capazes de viver sem o Messenger e sem o Google, muito menos sem saneamento básico...mas...como é que apesar de tudo isso, ambos sabermos que, aceitávamos, sem pestanejar, a boleia no carro do Michael J Fox para regressarmos, por momentos, ao passado....para respirar!
O leitor fixa o olhar nas minhas NIKE... e eu, a medo, coloco a minha mão no seu ombro...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

COMO DISSE?!


"O conselho que eu dou para as jovens portuguesas é que sejam cuidadosas nos relacionamentos, pensem duas vezes antes de se casarem com mulçumanos", disse o patriarca de Lisboa. D. José Policarpo

Grato pelo conselho e, sobretudo, pela preocupação,mas, se calhar, dir-lhe-ia a si, o mesmo que o Rei de Espanha disse ao Hugo Chavez!

E se Vossa Excelência me permite a sugestão, remeto-o para a leitura dos ideais muçulmanos e, por que não, para o convívio com esse tipo de gente!
Vai ver que não custa nada...Até passeia um bocado e espairece...A sério!

Mas só se tiver tempo Sr abade...nao pretendo, de forma alguma, interromper as suas orações nem as suas reflexôes, que em tanto contribuem para a pacificação entre religiões...

PS: Aproveito ainda, para o felicitar pelo seu bom senso e por resistir à tentação de etiquetar as pessoas...
PS 2: Não precisa de se sentir mal pelo facto das suas palavras espelharem ignorância, desconhecimento e a total ausência de perspectivismo cultural...Tranquilo!! Há coisas piores!! Imagine que o Sr Abade dizia que era contra o uso do preservartivo...aí sim, tinha razões de sobra para se preocupar

Sem mais de momento

As-salaam aleikoum!